quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

‘Segredo de Gerson chocaria o público há 10 anos’, diz psicólogo - (Jacob Pinheiro Goldberg)

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‘Era isso?!’, espantou-se um internauta quando Gerson (Marcello Antony) revelou ao psiquiatra ser viciado em pornografia, ‘sexo sujo’, gostar de ver homens transando em banheiro público e sentir ‘aquele cheiro’.
O tão aguardado capítulo de ‘Passione’ (Globo) de anteontem decepcionou telespectadores. Para o doutor em psicologia Jacob Pinheiro Goldberg, ‘as pessoas hoje aceitam mais a pornografia, são mais tolerantes com essas questões relacionadas ao sexo’. ‘Seria um escândalo há uns dez anos’, avalia.
Goldberg diz que a atração por sujeira é chamada de ripofilia e frisa que o fato de Gerson sentir prazer com sexo e escatologia ‘não é, em si, um problema’. ‘Uma pessoa pode fazer as mesmas coisas que ele e viver bem. O seu sofrimento com isso é que se torna uma neurose.’
Sua reação pode, para Goldberg, estar ligada a uma formação moralista. ‘Quem sabe ele tem um traço de Opus Dei.’ Pode ainda haver ‘desejo enrustido’ de participar da relação gay que vê.
Corredor de carros, Gerson é patrocinado pela Goodyear, que teve da Globo garantia de que o segredo não seria grave a ponto de prejudicar a marca. O capítulo manteve a média de ibope, com 38 pontos (2,28 milhões de domicílios na Grande SP).

“Folha de São Paulo” – 28.12.2010 – Observatório da Imprensa

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Jacob Pinheiro Goldberg na Radio Eldorado defende plebiscito.

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Acesse o link http://www.territorioeldorado.limao.com.br/noticias/not86870.shtm e clique em OUVIR e PLAY-LIST Referendos e Plebiscitos estimulam senso crítico do eleitor, diz especialista.

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Eduardo Marini no R7 entrevista Jacob Pinheiro Goldberg sobre “A Fazenda” definindo o comportamento paradoxal.

Nany People fora. Psicólogo explica porque só detonam os mais famosos na Fazenda.

Entrevista para Eduardo Marini em que Goldberg sintetiza o comportamento paradoxal do programa da TV Record.

Acesse:

http://noticias.r7.com/blogs/eduardo-marini/2010/11/05/psicologo-explica-porque-o-publico-so-detona-os-mais-famosos-nesta-fazenda/

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Goldberg analisa candidatos – Telejornalismo PUC.

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Dr. Jacob fala sobre o perfil psicológico dos candidatos à presidência do Brasil. Entrevista para os alunos do Prof. Marcos Cripa do curso de Telejornalismo da PUC-SP. Setembro de 2010.

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=nwV34zmbunA

Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=3E2mCAXhZkA

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Analise de Goldberg

“Zé”, o erro de José Serra
Guilherme Evelin – Revista “Época”



É certo que as dificuldades da campanha presidencial de José Serra já estavam anunciadas desde o começo da disputa eleitoral, por causa da popularidade do governo Lula e da boa situação da economia. Mas parece claro, a esta altura do campeonato, que alguns erros de condução da campanha tucana também contribuíram decisivamente para a complicada situação em que se encontra hoje Serra – na torcida para a realização de um segundo turno.
Um grande equívoco da campanha, na opinião de muitos analistas, foi a tentativa de popularizar artificialmente a imagem de Serra, com a criação da figura do “Zé” no lugar do tradicional “José Serra”, mostrada no primeiro programa eleitoral na TV (veja vídeo abaixo). A ideia era construir a imagem do tucano como uma extensão de Lula, que tem origem familiar pobre e costuma recorrer a expressões populares no seu discurso. Mas teve efeito contrário. Acabou transmitindo uma impressão de hesitação por parte de Serra, como apontou o psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg, que trabalha há vinte anos com o tema do imaginário popular na política. Em entrevista à repórter Ana Aranha, para a reportagem “Os candidatos à presidência no divã”, publicada pela revista ÉPOCA na edição 641, de 30 de agosto, Goldberg disse que a figura do “Zé” prejudicava a campanha tucana. “Serra não deve se fantasiar de pobre ou de Lula. É um risco ficar nessa oscilação hamletiana, esse ser ou não ser”, afirmou Goldberg.
Na semana passada, o sociólogo Marcos Coimbra, diretor do instituto de pesquisas Vox Populi, fez uma crítica semelhante, ao dissecar, numa palestra na Casa do Saber, no Rio de Janeiro,algumas das razões do favoritismo da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na eleição presidencial. Para Coimbra, a criação do “Zé” foi um dos principais erros da campanha tucana. “O espaço do “Zé” já estava ocupado no imaginário popular pelo Lula. Serra teria tido mais sucesso se tivesse se apresentado como José Serra. Ou seja, a campanha de Serra não precisou dos adversários para ser descontruída”, afirmou Coimbra.
Os assessores de Serra, pelo visto, perceberam também o tamanho do engano. Logo, logo, aposentaram o “Zé”. José Serra voltou a ser chamado na propaganda eleitoral simplesmente de “Serra”

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Os psicólogos políticos revelam as emoções por trás das imagens da "mãe" Dilma, do tucano "Zé" e da Marina "zen".

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Imagem da Revista Epoca

A candidata Dilma Rousseff (PT), líder nas pesquisas para presidente, é apresentada em sua propaganda como "mãe do Brasil". A expressão já foi usada diversas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há poucos dias, foi citada pela primeira vez pela própria Dilma: "Quero fazer com cuidado de mãe o que ainda precisa ser feito", disse. José Serra (PSDB), o segundo colocado nas pesquisas e principal opositor do governo, usa a imagem de Lula em sua propaganda. Diz como eles trabalharam juntos e segue com um jingle que começa assim: "Quando Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá".

Os eleitores, evidentemente, sabem que um país não tem mãe. A maioria sabe também que Serra está longe de ser um aliado de Lula. Ao recorrer a esse tipo de marketing eleitoral, os candidatos, porém, não estão mirando apenas a razão dos eleitores. Eles estão em plena disputa de um jogo travado silenciosamente, a cada eleição, pelos comitês de campanha: o da conquista das emoções dos eleitores, na qual o foco são os elementos subjetivos. No processo eleitoral, como em quase todas as decisões na vida, as emoções interagem com a razão e são elas que frequentemente guiam o eleitor na definição do voto.

Que tipo de emoção as campanhas dos candidatos à Presidência querem despertar nos eleitores? Para responder a essa questão, ÉPOCA ouviu especialistas raramente consultados para análises eleitorais: os psicólogos políticos. São profissionais que estudam como a imagem pública dos candidatos é construída junto aos eleitores, mobilizando sentimentos nas entrelinhas. A psicologia política é um ramo de estudos bastante desenvolvido nos Estados Unidos, mas que só agora começa a despertar mais atenção no Brasil. Para esses especialistas, o atual clima de bem-estar reinante no país cria um ambiente favorável a que os candidatos tentem se comparar a figuras familiares para capturar emocionalmente os eleitores. "Estamos vivendo o embalo de um sonho", afirma o psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg, que trabalha há 20 anos com o tema do imaginário popular na política. "A disputa se dá entre grupos adversários, mas há um acordo tácito de que tudo vai bem, como nas boas famílias."

Segundo os psicólogos políticos, a associação de Dilma com a figura da mãe foi a solução encontrada pelo marketing de sua campanha para atenuar a rejeição ao perfil de mulher forte, dura e capaz de tomar decisões sozinha, com que ela era caracterizada durante sua passagem pela Casa Civil da Presidência. Essa marca, normalmente associada aos homens, não serve para uma candidata novata em disputas eleitorais. "A imagem de 'gerentona', útil no ministério, é disfuncional na campanha", afirma Joseli Costa, professor de psicologia social da Universidade Federal da Paraíba. "Daí a Dilma mãe, sensível, feminina."
Para conquistar o eleitor, Dilma precisou aproximar-se da imagem convencional das mulheres na sociedade. Por isso, passou por uma transformação visual. Adotou novo corte de cabelo, maquiagem, roupas mais delicadas, começou a sorrir mais. A Dilma vaidosa, feminina, sensível e maternal serve para associá-la a qualidades das mulheres normalmente valorizadas no ambiente doméstico de uma casa. "No senso comum, às mães cumpre educar, exigir.

Quando Dilma age como mãe, ela está cumprindo o papel de mulher", diz Betânia Diniz Gonçalves, professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e autora do livro Identidade feminina e a inserção no mundo do poder.
O marketing da campanha de Serra, na análise de Jacob Goldberg, também procura transformá-lo em um personagem familiar próximo do eleitor. Para Goldberg, Serra pode ser comparado a um filho homem, que critica as regras da casa, mas tenta se parecer com o pai. Esse seria o objetivo das propagandas do candidato tucano que tentam aproximá-lo do presidente Lula, como as que enfatizam a origem modesta de sua família. Em um dos programas de Serra na TV, uma cena foi montada para apresentar um "samba na laje" em que personagens pobres cantam seu jingle.

Para Alessandro Soares, professor de políticas públicas da Universidade de São Paulo (USP) e editor da Revista Brasileira de Psicologia Política, a propaganda tenta esmaecer a rejeição que Serra desperta em alguns segmentos da população brasileira por ele ser um político paulista. "São Paulo é o Estado mais rico, que puxa o carro para a frente. Mas também há a ideia da soberba, associada a uma elite econômica", diz Soares. Para Goldberg, ao tentar traçar semelhanças entre Serra e o presidente Lula, que tem origem familiar pobre e usa expressões populares no discurso, a campanha tucana incorre, porém, no erro de desenvolver um mecanismo de defesa que prejudica o candidato por transmitir uma imagem de hesitação. "Serra não deve se fantasiar de pobre ou de Lula. É um risco ficar nessa oscilação hamletiana, esse 'ser ou não ser'", diz ele.

A analogia familiar serve também para caracterizar a estratégia emocional da candidata do PV à Presidência, Marina Silva. Na análise de Goldberg, Marina, por sua trajetória e pela retórica, pode ser comparada à figura da irmã que confronta os desmandos do pai ao sair de casa na adolescência e agora tenta voltar para uma reconciliação. Marina deixou o governo Lula, descontente com sua política ambiental, trocou o PT pelo PV, mas evita partir para o confronto direto e faz uma pregação de conciliação das forças políticas. O discurso de Marina, repleto de referências abstratas a compromissos com a ética, também chama a atenção dos psicólogos políticos. "Quando temos compromissos éticos, a resposta técnica a gente encontra", costuma dizer a candidata do PV. Goldberg identifica nessa postura uma tentativa de parecer madura e acima dos problemas concretos, como uma adolescente da nova geração. "Marina parece estar na plenitude e na idealização. Ela se conformou no papel messiânico", afirma Goldberg. "Seu olhar e carisma dialogam com a alma."

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, disse que os fatos da infância costumam determinar o comportamento e as emoções dos seres humanos ao longo da vida. Pela análise dos psicólogos políticos, os candidatos à Presidência comportam-se como mãe, irmão e irmã em busca do lugar de um pai. Se a política brasileira dá a impressão de ter infantilizado o tratamento dado aos eleitores, parece que Freud tem também, para isso, uma explicação.

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

FERNANDO CAPEZ APRESENTA JACOB PINHEIRO GOLDBERG.

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É com entusiasmo que venho prefaciar a obra de Flávio Goldberg, a antologia do grande Dr. Jacob Pinheiro Goldberg, destacado psicólogo, assistente social, advogado, e acima de tudo, pessoa dedicada ao crescimento do ser humano.
Jurista comprometido com a pesquisa e estudo do Direito, que através de uma atitude altruísta, traz uma seleção de sua obras organizadas por seu discípulo e filho Flávio Goldberg, que vem abrilhantar e complementar o ramo do Direito.
O Autor é um singular cientista do direito, ousado e corajoso, pois penetra em temas delicados da sociedade atual, sendo de indiscutível importância, tornando-se referência na matéria.
Trata-se de obra baseada em suas conferências, artigos e teses apresentadas no Brasil e fora dele, que abraça questões de Direito, com destaque para Psicologia do Sentenciado, Crime e Jovem, Violência Urbana, dentre outros não menos importantes, de grande serventia para todos os operadores do Direito, bem como psicólogos, assistentes sociais e todos os que se interessam pelas questões humanas como um todo, ou que precisam de informações precisas acerca do tema.
Pelos motivos expostos, estou certo da significativa contribuição feita pelo autor ao universo jurídico, sobretudo humano, que já nasce destinada ao absoluto sucesso.

FERNANDO CAPEZ

terça-feira, 13 de abril de 2010

Deputado Michel Temer prefacía Jacob Pinheiro Goldberg.

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Breve Prefácio


Michel Temer
Presidente da Câmara dos Deputados – jurista e Professor de Direito).


Conheci Jacob Pinheiro Goldberg em Congresso do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional nos idos de 1980 em Belo Horizonte. Depois mantive muitos contatos quando ocupei, pela primeira vez, o cargo de Secretário de Segurança Publica no Estado de São Paulo.
Interessei-me pelas suas idéias e interessei-me pela sua formação já que era capaz de formular extraordinário raciocínio lógico em todas as suas observações. Soube, então, que era advogado com robusta formação jurídica. E que se formara em Psicologia realizando também o Curso de Assistência Social.
Tão eclético e vasto conhecimento fizeram-no professor, escritor e conferencista. Por onde passava expunha com clareza e convicção as suas ideias. Sempre inovadoras. Fruto da somatória de seus conhecimentos nas mais variadas áreas. Encontrei-o varias vezes. Conversamos muito. O que mais me chamava a atenção era a sua sensibilidade para os problemas sociais e a paciente análise das questões pessoais. Achava até que, nele, preponderava o Psicólogo.

Hoje, quando Jacob Pinheiro Goldberg lança um livro com seus escritos em jornais e revistas e as várias entrevistas e conferencias que deu, verifico que ele não reservou para conversas individuais as suas idéias. Pregou-as. E quem prega, lembra Vieira, espalha sementes. Que frutificam. Que não devem ficar apenas para si ou para poucos, mas disseminadas para muitos. É o que faz este trabalho de Jacob Goldberg. Pautados pela idéia de justiça social e de crescimento individual servirão a todos os leitores que tenham tais preocupações. Revelam a faceta do intelectual que se dedica a causas especiais.

Saúdo – e saudamos todos – a publicação deste trabalho.

terça-feira, 9 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

"Goldberg em Portugal"

As Artes Entre As Letras
Porto – Portugal
27/01/2010

Literatura
Jacob Pinheiro Goldberg
A poesia como fonte de vida

Jorge Sanglard
Jornalista e pesquisador brasileiro

A solidão e o estranhamento, tanto existencial quanto geográfico, permeiam a poesia de Jacob Pinheiro Goldberg. Ora um choque cultural intenso, ora um ímpeto de comunicação e diálogo. “Espécie de errância interior, trajetória de vida contada e recontada em muitos poemas e textos, a poesia de Jacob Pinheiro Goldberg pode ser descrita como a de uma vida singular tornada estranhos poemas ou poemas-vida”; assim, Marília Librandi Rocha abre-alas para a compreensão de uma obra inquietante. E ao partir desta vertente, para organizar a antologia Poemas-Vida (7Letras), a doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP e professora de Literatura Brasileira na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, articulou um livro que revela a força de um escritor desterritorializado.
Nascido em Juiz de Fora e radicado em São Paulo há mais de 50 anos, o renomado psicanalista faz da escrita e da poesia a busca de uma expressão de vida. Em constante processo de criação, a fronteira é a pátria de Jacob Pinheiro Goldberg, a esquina, sua peregrinação. Admirador confesso da obra de outro poeta mineiro e juizforano, Murilo Mendes (1901 – 1975), como um outsider, Goldberg tem instigado o debate de idéias, a reflexão e, com isso, provocado muita polêmica. O “psicólogo da poética”, nas palavras de Sandra Magalhães, investe na construção de seus poemas como um desafio de revirar o passado e apontar para o futuro.
É assim também que o lugar da escrita de Jacob Goldberg na literatura brasileira é, até hoje, a de um estrangeiro em terra estranha ou ignota, afirma Marília Librandi ao apresentar a antologia. E essa questão implicou em que a organizadora do livro ficasse numa posição lateral para pensar a respeito de produções singulares e que historicamente ficam à sombra. Afinal, “sem território, essa poesia ficou de fora – exilada dos leitores – sem lugar nem na literatura brasileira nem na literatura brasileira de expressão judaica, que nos últimos anos começou a ser melhor estudada e definida”. E Marília Librandi explica: “Goldberg não pertence a nenhuma delas, mas situa-se em um entre-lugar, ‘pequeno intervalo hipotético’. Diríamos assim que as principais linhas de força de sua poesia correspondem às suas principais linhas de fuga”. Não é à toa que o autor afirma em vários de seus escritos: “Eu não sou daqui”, manifestando o caráter desterritorializado dessa escrita que encontra no deslocamento o seu canto.
Poemas-Vida deriva de um estudo realizado sobre a obra de Jacob Pinheiro Goldberg, defendido em 2003, como tese de doutorado de Marília Librandi Rocha na Universidade de São Paulo. Na ocasião, argumenta a pesquisadora, a antologia propunha-se como o fim da tese, no sentido de sua conclusão e finalidade, e era bem maior do que a presente, tendo em vista a necessidade de apresentar esse escritor, então praticamente desconhecido na Academia e entre o público das Letras.
Desde então, Goldberg assumiu seus próprios textos, antes guardados em gavetas ou publicados em pequenas edições de autor, e teve sua produção escrita reconhecida por um número significativo de leitores, dentre os quais, Henryk Siewierski, que traduziu 18 de seus poemas para o polonês, publicados na edição bilíngüe A Mágica do Exílio - Magia Wignania (Landy Editora, 2003). O poeta também publicou, em 2005, o livro Rua Halfeld, Ostroviec, onde mergulha na esquina imaginária entre a rua mais importante de Juiz de Fora, em Minas Gerais, no Brasil, e a cidade natal de seus pais na Polônia. Assim, a intenção da organizadora da antologia é apresentar o que chamamos genericamente a poética de Goldberg, nela abarcando o conjunto de textos compostos em forma de poesias, poemas em prosa e aforismos, coligidos a partir do livro Tempo Exilado, de 1968/69, e chegando até o mais recente, Rua Halfeld, Ostroviec, de 2005.
Marília Librandi partiu da leitura de cerca de 1200 trabalhos publicados nos livros de Goldberg (compreendendo uma produção escrita que inclui desde poemas longos, crônicas, artigos, até escritos de uma só frase ou poesias de um só verso), chegando a uma seleção que, segundo o ponto de vista da organizadora da antologia, corresponde, pois, a algumas das principais preocupações e tendências da escrita de Goldberg. A obra foi reunida em sete tópicos intitulados: “Parábola e ponto de fuga”, “O nem insólito”, “Sombra da sombra”, “A carne da memória”, “Bio(necro)grafia”, “Errância” e “Melitzá. Fragmentos poéticos”.
Inicialmente, a pesquisadora acreditava que os textos de Goldberg, desconhecidos no seu presente de produção, poderiam vir a ser recuperados e lidos num futuro, a exemplo de outros escritos marginais. Também pensava que se não fossem recolhidos a tempo poderiam perder-se, a exemplos de tantos outros cujos nomes e obras não registrados desaparecem. Decidiu então tomar conta dessa produção, “sem o anseio de salvação ou a noção de permanência”. Por isso, afirma, do mesmo modo que se arranca uma flor para dá-la a alguém, aqui arranca-se de sua estagnação e obscuridade esses textos para ofertá-los aos presentes no tempo presente.
Na opinião de João Adolfo Hansen, professor titular de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo, a matéria da poesia de Jacob Goldberg é essa desabitação, essa despossessão, esse estar não-estando de quem medita as perdas levado pelo vento do mundo. “Na sombra, à esquerda da linguagem, Goldberg escreve poesia com o sangue da experiência do real. É poesia elegíaca e trágica, uma lamentação que contra-efetua o acontecimento da dor, elaborando o sofrimento para resistir à destruição e à amargura do mal”.
Jacob sabe que nascer judeu ou palestino, índio ou espanhol é só acidente, pois o que realmente importa é o que fazemos com o que fizeram de nós, afirma Hansen. E explica: “Kafka, por exemplo, quis escrever como um vira-lata para apagar as marcas da Lei gravadas na pele. Jacob é dessa família de desgarrados magníficos que dizem non serviam, ‘não servirei’. Inconformado com a vida, revoltado com a morte, escreve sua poesia na fronteira do Paraguai com a Finlândia, aquele não-lugar onde as etnias, as nacionalidades, as religiões, as classes e os sexos finalmente foram abolidos e só sobrou a liberdade da descrença radical dos valores herdados. A liberdade de Jacob é livre, ou seja, generosa, e faz seus poemas espaçosos para recolherem compassivamente os cacos da história universal de um ‘nós’ despedaçado. São fortes, duros, intensos, sem nenhum consolo, comoventes. Podem até fazer desesperados pensar que, se ainda há homens como ele, há esperança para todos”.
E o próprio autor confessa: “a escrita é o exercício balanceado entre a onipotência do criador e a impotência da fragilidade do ser, proporcionando a simbiose entre o irreal e o acontecido”. A antologia Poemas-Vida é uma síntese da reflexão poética de Jacob Pinheiro Goldberg ao longo do tempo em meio à perplexidade, ao desafio, ao caos e à superação. É um compromisso de vida e um compromisso com a escrita. Enfim, é uma outra forma de se respirar.


Jacob Pinheiro Goldberg “observado” por
Murilo Mendes. Foto Dornelas

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"Ayrton Senna e Jacob Pinheiro Goldberg"

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A POESIA DE JACOB PINHEIRO GOLDBERG...

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Sobre a poesia de Jacob Pinheiro Goldberg o doutor João Adolfo Hansen, professor titular de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo, escreveu: “A primeira vez que vi Jacob Pinheiro Goldberg, ele estava na TV, falando do sadismo da burguesia brasileira que goza fazendo o povo sofrer. Desde então, passei a gostar muito dele. Depois, fiquei sabendo pela minha amiga Marília Librandi, que escreve a introdução exata e delicada deste livro, que Jacob nasceu em Juiz de Fora. Era Pinchas, judeu de origem polonesa, mas desabitou o nome, virou Pinheiro. O Brasil é mesmo impossível. Acho que cresceu como qualquer um de nós, sobrevivendo às contingências da vida daqui. Parentes dele foram assassinados em campos nazistas. Estudou Direito, para descobrir que a Lei submete e que o Espírito liberta. Ateu, passou à psicanálise freudiana. A matéria da sua poesia é essa desabitação, essa despossessão, esse estar não-estando de quem medita as perdas levado pelo vento do mundo. Na sombra, à esquerda da linguagem, ele escreve poesia com o sangue da experiência do real. É poesia elegíaca e trágica, uma lamentação que contra-efetua o acontecimento da dor, elaborando o sofrimento para resistir à destruição e à amargura do mal. Você, que agora lê esta orelha, talvez pense que essa forma de expressão da dor é própria da experiência histórica do povo judeu. E pensará bem, com razão. Mas só em parte. Jacob sabe que nascer judeu ou palestino, índio ou espanhol é só acidente, pois o que realmente importa é o que fazemos com o que fizerem de nós. Kafka, por exemplo, quis escrever como um vira-lata para apagar as marcas da Lei gravadas na pele. Jacob é dessa família de desgarrados magníficos que dizem non serviam, ‘não servirei’. Inconformado com a vida, revoltado com a morte, escreve sua poesia na fronteira do Paraguai com a Finlância, aquele não-lugar onde as etnias, as nacionalidades, as religiões, as classes e os sexos finalmente foram abolidos e só sobrou a liberdade da descrença radical dos valores herdados. A liberdade de Jacob é livre, ou seja, generosa, e faz seus poema espaçosos para recolherem compassivamente os cacos da história universal de um ‘nós’ despedaçado. São fortes, os poemas de Jacob, duros, intensos, sem nenhum consolo, comoventes. Podem até fazer desesperados pensar que, se ainda há homens como ele, há esperança para todos. Daqui desta orelha eu mando meu abraço pra ele.”, in “Poemas-vida, antologia de Jacob Pinheiro Goldberg”, organizado e apresentado por Marília Librandi Rocha, professora de Teoria Literária no Departamento de Estudos Lingüísticos e Literarios da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo e, a partir de dezembro de 2008, professora da Stanford University, CA, EUA (Editora 7 Letras, Rio de Janeiro, 2008).

domingo, 10 de janeiro de 2010