Como entender a Psicanalise, entrevista: "A mentira é uma graça".
terça-feira, 22 de abril de 2014
quinta-feira, 10 de abril de 2014
A psicologia integralista de 64
Jacob
Pinheiro Goldberg
Psicanalista e
autor de “O Direito no divã”
Terá sido mero acaso e fatalidade que o
general Mourão Filho tenha dado o movimento inicial do golpe de 1964 a partir
de Juiz de Fora? “Vaca fardada”, de pijama vermelho. O mundo de ontem, com
destino ao antes – de – ontem. A “Casa Grande” saiu pela Dutra para (Eurico
Gaspar, o simpatizante do Eixo) esmagar a “senzala”.
Algumas reflexões sobre o desenvolvimento
das forças paranóicas que estimularam a histeria da oligarquia brasileira e das
camadas menos-politizadas da população podem ser preciosas para a compreensão
das placas tectônicas emocionais que fizeram eclodir a nossa farsesca e trágica
opera mussolinesca.
O então capitão Mourão Filho é considerado o
autor intelectual do famigerado “Plano Cohen”, uma invenção a partir da sua
condição de chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira, liderada
por Plínio Salgado e que tinha no seu “Projeto para o Brasil” o viés do
anti-semita Gustavo Barroso. Cohem é um estereótipo étnico judeu.
Nas fantasias delirantes que associavam o
bolchevismo e o judaísmo como conspirações internacionais, “Deus, Pátria e
Família” sustentaram os pavores provincianos do Sigma e das Marchas que
desencadearam o clima, o patético do Golpe, em Minas dos simpatizantes do
fascismo e nazismo, partejando um nacionalismo enviesado que servia, como continua
a servir, aos interesses norte-americanos.
Comecei a servir ao NPOR, no 12º Regimento
de Infantaria em Juiz de Fora, coincidentemente com a militância estudantil de
esquerda. O clima no quartel era de um esquadrão italiano tolo e fanfarrão em
que se discutia a “ameaça argentina”, de uma guerra imaginária.
Pedi transferência para o C.P.O.R S.P e
depois no 4º Regimento de Infantaria, cheguei ao comando da 1ª Cia. de
Fuzileiros em 1958, sob o comando do posteriormente General Zerbini quando fiz
para a P.U.C. S.P. o trabalho “Serviço Social no Exercito”. Casado com
Terezinha de Jesus, lutadora feroz contra a ditadura, que me indicou senador
pelo PDT, com apoio do Brizola. Aliás, José Maria Crispim, ídolo do PCB
paulista, me disse na Rua Dom Bosco, nº 18, que o Osvino Ferreira Alves seria o
ministro da Guerra do governo socialista, quanto sonho, quanta ilusão.
Já então, muito antes do golpe, coordenando
o Grupo Nacionalista em São Paulo de “O Semanário”, encabeçado pelo General
Stoll Nogueira, pró-Lott, ficou claro que os quartéis teriam que escolher entre
a raiz integralista e a tintura que formou, no Exercito o sentimento de pátria
e socialismo, de Prestes (“Um soldado absoluto” de Wagner Willian). A traição
de Kruel e a manipulação midiática denunciada por Juremir Machado definiram o
horizonte de terror.
Votos para que Juiz de Fora, de Irineu
Guimarães e Clodesmidt Riani, renasça das cinzas e recupere os sonhos de Jango,
o verdadeiro herói enlameado pelo reacionarismo de 1964 e do Golpe Midiático
Civil-Militar.
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