quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dilma, carisma de Diana

Jacob Pinheiro Goldberg analisa a Presidenta Dilma Rousseff

A "Tribuna de Minas" publicou um artigo do Professor Jacob Pinheiro Goldberg sobre o carisma da Presidenta Dilma Rousseff.

Tribuna de Minas - Opinião – Artigo - 04/01/2011
Bello



Jacob Pinheiro Goldberg
Doutor em psicologia e escritor

Sucedendo a Lula, que em artigo na "Folha de São Paulo" classifiquei como o político "mistagogo" - místico e demagogo na tradição de Getúlio e Jânio -, o espaço no simbólico e imaginário para Dilma Rousseff será o kerigma grego da fêmea culta e determinada, Diana a caçadora. A consulta à sua biografia corresponde à destinação histórica.
Alguns anos atrás, a convite do professor Alberto Dutra, apresentei, na Faculdade de Medicina da Universidade de Londres, um seminário sobre o tema "Eva será Deus", estudo que elaborei a respeito da concepção antropomórfica masculina da imagem divina e as repercussões intrapsíquicas dessa realidade na mentalidade social. Exaustivamente, tentei demonstrar a demanda por uma introjeção que possa significativamente alterar o processo das relações entre o poder fálico e o poder virtuoso da feminilidade.
Desde o campo da exploração sexual até o crime da posse machista, somente uma radical alteração de conceito filosófico poderá levar aos limites utópicos do sonho de uma civilização sem discriminações e perversidade.
Vive hoje, o Brasil, um momento singular em que a eleição de Dilma Rousseff marca uma possibilidade que somente o historiador no futuro irá aquilatar.
No livro "O Direito no Divã", antologia organizada por Flávio Goldberg, acompanhando a apresentação do jurista e vice-presidente Michel Temer, contextualiza-se a questão do feminino como eixo central dos jogos jurídicos contemporâneos. A convite da revista "Brasileiros", fiz a análise dos candidatos à presidência, anotando a polarização de Marina Silva e Dilma Rousseff.
O leitor, aliás, poderá acessar no You Tube meu depoimento sobre Marina, feito no dia de sua demissão do Ministério de Lula, em que adivinhei o início de sua caminhada. Pois agora é o cotejo entre essas duas personalidades projetadas de mulher brasileira, a filha de imigrantes, guerrilheira e a mansuetude da cabocla, que me leva a creditar na inflexão profunda da sociedade brasileira que arrebenta diques esclerosados e alça o mito de Diana Caçadora, para um porvir de liderança internacional de uma nação com alteridade modelar de um psiquismo do século XXI.
Lua e não sinhazinha, Dilma tem todos os precedentes, inclusive na luta heróica contra o câncer, para tecer um sonho de "mil e uma noites", ou, como preferia seu escritor Jorge Luiz Borges, "mil noites e mais uma".
Tempo mágico em que as bruxas de Salém não serão queimadas, mas sobre os berços das crianças deverão construir uma nova ordem de irmandade.

4 comentários:

Weder Teixeira disse...

"Presidenta"???

Colocando toda a explicação, na íntegra, do Des. Juracy Vilela, GM de Honra do GORGS, a qual pergunta:

- Afinal, que palavra é essa?

Segundo Juracy Vilela: "No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante...

Qual é o particípio ativo do verbo ser?

O particípio ativo do verbo ser é "ENTE". Aquele que tem entidade.

Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.

Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do gênero, masculino ou feminino.

Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".

Um exemplo negativo ficaria assim:

"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.

Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta."

Mas, depois que o Presidente Lula foi ensinar a 'nova ortografia' aos membros da Academia Brasileira de Letras, só podia dar nisso...

"Membra" também não existe.

Exemplo: -A Fulana é MEMBRO do grupo tal.O Fulano também é MEMBRO do mesmo grupo.", conclui Juracy!

Antes que essa palavra esdrúxula vire moda no país, melhor todos os esclarecimentos disponíveis.

Anônimo disse...

Diante do comentário de Weber Teixeira, me coloco em posição de sugerir outras leituras ao que diz respeito ao uso da palavra presidenta. Já havia recebido a explicação citada, e ainda assim não me dei por convencida.
A língua portuguesa é de uma enorme complexidade; não devemos aceitar apenas uma explicação como verdade absoluta. Convido os leitores ao estudo deste link: http://www.ciberduvidas.com/idioma.php
Me antecipo a pedir desculpas por destacar o uso da palavra em questão, em lugar de comentar a análise do professor Goldberg.
Abraços fraternos,
Lu da Silva

Anônimo disse...

Dr. Jacob,

Do ponto de vista poético sua análise está muito bonita.
Já, olhando por outra perspectiva, algumas dúvidas me ocorrem, a saber:

- Seria a eleição de uma mulher para o cargo de presidenta do Brasil, sinal de alguma mudança psicológica, mesmo que remota e inconsciente do povo brasileiro em relação ao papel da mulher?
Em caso afirmativo, até que ponto essa mudança é consequência, ou resultará em redução dos níveis de violência contra a mulher?

- Até que ponto Dilma, (a mulher que se posicionou contrária à legalização do aborto), teria assumido o conteúdo do discurso machista do "mistagogo" Lula?


Perdoe-me os excessos, bem como alguma possível incompreensão sobre vosso texto. De qualquer maneira, parabéns pelo conteúdo poético.

Abraços,
maria rodrigues

Anônimo disse...

O comentário de Weder é de mocinho-bom-aluno. Ainda bem que Guimarães Rosa não se guiava por tais bobagens...