sexta-feira, 31 de julho de 2009

OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA - TRANSCRIÇÃO.

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A PAIXÃO DE CRISTO
Jacob Pinheiro Goldberg

em 23/3/2004

"Um filme anticristão", copyright Folha de S. Paulo 20/03/04


"Acho desnecessário, pela obviedade, provar que o filme é anti-semita, digno de Mel Gibson, que se afirmou orgulhoso do pai, que negou o Holocausto. Mas é oportuno provar seu anticristianismo agressivo.

Trata-se da versão hollywoodiana da maior contrafacção política e ideológica da história, a inteligente e hábil manobra de atribuir aos judeus a culpa da condenação de Jesus à morte. Como essa fórmula primária, que qualquer criminalista seria capaz de desmistificar, tem resistido a estudos e análises?

Em primeiro lugar, explica-se pelo anti-semitismo disseminado pelos cultores da nova religião, interessada em bloquear as fronteiras com sua fonte originária. Em segundo lugar, a uma natural e apaixonada resistência judaica, indignada diante do apoderamento de seu filho, transformado, contra sua vontade, em instrumento de ódio e perseguição. Em abono desta tese poderíamos transcrever inúmeras passagens do Novo Testamento. Inútil. Ou o leitor percebe que, numa vida de 30 e poucos anos, Jesus dedicou todos os seus momentos conhecidos à tarefa do estudo da Torá e dos preceitos religiosos do judaísmo, como antes e depois fizeram milhares de rabinos e eruditos pregadores, ou escolhe a via tortuosa do sadomasoquismo anti-semita, que se prende ao drama arquitetado pelos dominadores romanos nas suas últimas horas.

Na verdade, na figura de Jesus, foi crucificado na época o espírito de insurreição religiosa e política de Israel, provavelmente com a cumplicidade de alguns elementos engajados com o conquistador. Nos dois milênios que se sucederam, os judeus têm sido castigados pela trágica herança de haverem concebido um filho mágico e dileto, de espírito universalmente aberto. Provavelmente, uma das grandes horas da história será o instante da reversão da dinâmica de Jesus. De seus versículos proferidos, de todas as passagens vividas por Jesus, Yeoshua bem Yossef, transpira sua apaixonada adesão ao judaísmo, seu entranhado amor ao seu povo e sua mensagem de libertação.

O processo de seu deslocamento começa no desenvolvimento produzido por Pilatos, a reconciliação e o reconhecimento de sua função como judeu, o apagar do tônus anti-semita, que procura retratá-lo como estranho ao seu povo, a final trama desmentida pelo senso comum de seu papel, como messias para os cristãos, como filho querido para os judeus. Quem instruiu, magistralmente, a necessidade dessa revisão foi o poeta libanês Khalil Gibran, no seu diálogo entre Jesus de Nazaré e Jesus dos cristãos, que, segundo ele, ainda não tinham conseguido se conciliar. Fonte histórica de Jesus, o judaísmo perdeu para o cristianismo institucionalizado seu poder político e social, que permitiu à nova religião dar o tônus da civilização ocidental.

No entanto, nas últimas décadas, e destacando-se o pensamento de figuras como João 23, Tomas Merton e Jacques Maritain, acentua-se um processo de judaização do pensamento cristão de algumas áreas mais esclarecidas. Do lado judaico, tal inclinação se adivinha na análise de Jesus feita por Joseph Klausner. No estudo ‘A Morte de Deus e o Futuro da Teologia’, Gallagher afirma que devemos nos rejubilar ‘não por qualquer coisa que é, mas por aquele que virá’. Dificilmente a noção judaica do messias poderia ter uma melhor categorização do que esta.

Na medida em que o cristianismo passa pelo mergulho introspectivo do abandono das imagens greco-romanas e penetra no ‘pathos’ e no ‘ethos’ de Jesus, o rabi judeu, a mansidão e o amor à vida se irão contrapor ao martírio da paranóia. Obviamente, a dialética de uma crise de consciência e revisão totalizante desse alcance não se fará suavemente, eis que vai abalar toda a teologia do sofrimento -interno e externo, expresso na mecânica da agressividade- das cruzadas, do ódio ao prazer, da tendência à abstinência, do conceito brutal de salvação de todo o gênero humano e, finalmente, da própria concepção da estrutura religiosa como instituição.

Talvez este será o mais formidável paradoxo da história: vencidos os bloqueios psicológicos, o anti-semitismo terá ensejado a mea culpa, que conduzirá a elite do pensamento filosófico cristão à aceitação do judaísmo. Porque nesse jogo, como na vida, quem perde ganha. Não se pode esquecer de que a cruz era um suplício romano, não um instrumento da justiça judaica. Jesus foi executado pelos romanos, na missão de dominação política, como agitador. A acusação ao judeu de ser o assassino de Cristo foi uma lenda divulgada pela propaganda romana, na Diáspora.

Depois dos Manuscritos do Mar Morto, estudar Jesus não é tarefa para a construção da desavença. Judeu, estudei no Instituto Grambery, Colégio Metodista, em Juiz de Fora, onde nasci. Lá começou a revelação, para mim, de que Jesus não morreu -ao contrário do que imagina Gibson. Ele vive com os cancerosos, os miseráveis, os abandonados, órfãos e viúvas. Mas também na alegria, na esperança, na fé. Sente-se a paixão de Jesus no silêncio, na introspecção do seu sacrifício. Na vitória da vida sobre a morte, do amor sobre a raiva. O filme de Gibson é a recrucificação de Jesus por US$ 200 milhões. Jacob Pinheiro Goldberg, psicanalista, é doutor em psicologia pela Universidade Mackenzie e professor convidado pela Uniwersytet Jagiellonski (Cracóvia, Polônia)."
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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Google - Apelo a ética do contraditório.

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Durante anos na minha pagina o Google faz constar o texto ( calunias, injurias e difamações) de Alberto Dines com obvios prejuizos morais e materiais.
Não seria justo e verdadeiro com o usuario constar a notificação esclarecedora e de defesa?

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Google – Notificação.

São Paulo, 25 de setembro de 2008


Ao
GOOGLE BRASIL INTERNET LIMITADA
Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.900, 5º andar, Itaim Bibi
04538-132 São Paulo (SP)


Ref.: Notificação Extrajudicial


Prezados Senhores,

Na qualidade de advogado do Dr. JACOB PINHEIRO GOLDBERG, brasileiro, psicólogo, advogado, assistente social, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, sob nº 10.304, portador da cédula de identidade RG nº 8.745.056, inscrito no CPF/MF sob nº 003.287.158-91, com endereço profissional na Avenida Angélica, 2466, cj. 61, Higienópolis, na cidade de São Paulo (SP), CEP 01228-200 (“Notificante”), vimos, pela presente, expor e, ao final, NOTIFICÁ-LOS do seguinte.
A despeito da sua conduta profissional incólume e reputação ilibada (doc. 1), o Notificante foi severamente agredido por meio de um texto da lavra do Sr. Alberto Dines, publicado na internet pelo website Observatório da Imprensa, por meio das seguintes URL’s:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=272CIR001
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=272CIR001

O texto, maliciosamente intitulado de “Como o Dr. Goldberg chegou lá”, ataca, de forma gratuita e ardilosa, a conduta profissional do Notificante, valendo-se de expressões difamatórias e atribuindo-lhe “idéias estapafúrdias” e a suposta conduta de “ludibriar jornais” (doc. 2).
A seguir, refutam-se alguns dos trechos que atentam contra a dignidade e notoriedade do Notificante. Vejamos:



1. “Apresenta-se como advogado [...]”
O Notificante de fato é advogado, devidamente inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, sob nº 10.304. Assim, a suspeita levantada pelo autor do texto em questão cai facilmente por terra.
Nessa condição, foi palestrante convidado pelo Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, Associação dos Advogados de São Paulo, Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Foi condecorado, recentemente, com a comenda

Benjamin Colluci, pela Ordem dos Advogados do Brasil, Subsecção de Juiz de Fora (MG), pelos serviços relevantes prestados ao Direito Brasileiro.
2. “[...] foi dono de uma clinica psiquiátrica [...]”
O Notificante esclarece que é psicólogo e nunca foi proprietário de clínica psiquiátrica. Mais essa confusão feita pelo texto é mal-intencionada e não pode ser mantida.
3. “[...] mas já identificou-se como psicólogo inclusive com o certificado de supervisor do C.R.P, psicanalista, professor-visitante da Universidade de Londres etc., etc.”
Repita-se: o Notificante é psicólogo, graduado pela Universidade Católica de Santos e doutor em psicologia pela Universidade Mackenzie. E, conforme já informado acima, o Notificante é Professor Convidado da University College London Medical e da Middlesex University., bem como outras academias internacionais.
4. “O atributo que não exibe é o seu extraordinário faro para ludibriar jornais, espécie de jornalista às avessas. Opina sobre qualquer assunto, especialmente aqueles que dizem respeito ao judaísmo, valendo-se do sobrenome para defender as posições mais amalucadas.”
Devido ao seu relevo profissional reconhecido internacionalmente, o Notificante é sempre procurado por jornais, revistas e editoras para escrever ou dar entrevista sobre assuntos de relevância. Sempre e insistentemente por iniciativa espontânea da mídia. Jamais usou assessoria de imprensa ou recursos similares. Demais disso, a referência ao judaísmo beira o preconceito.
5. “É a glória, dr. Goldberg! Mas, doravante, convém que os redatores de plantão se acautelem e não se deixem enganar com as idéias estapafúrdias do renomado prof. Iceberg.”
Nesse ponto, o texto agride frontalmente o Notificante, associando-lhe a “idéias estapafúrdias”. Da mesma forma, o trocadilho feito com o seu sobrenome (rectius, Goldberg/Iceberg) é um desrespeito ao nome de sua família.

Não obstante o despropósito do texto malsinado, ao se efetuar uma busca no Google através do nome completo do Notificante, as referidas URL’s são apontadas já na primeira página do buscador (doc. 3).
Tal conduta, como não poderia deixar de ser, tem trazido inúmeros dissabores ao Notificante, inclusive de ordem extrapatrimonial. A difamação de seu nome em um buscador tão conhecido e utilizado quanto o Google provoca, inclusive, reflexos em sua carreira profissional, construída ao longo de muitos anos de trabalho e dedicação. Por essa via de raciocínio, o dano patrimonial é ainda mais evidente.
Esclareça-se que o Notificante já solicitou, através do próprio buscador Google, a remoção das referidas URL’s do sistema de buscas. Não houve, entretanto, a efetiva exclusão das URL’s, muito embora o próprio Google tenha consentido com o tom difamatório do texto em questão, uma vez que indica o status “removido” em um dos pedidos (doc. 4).
Em um caso muito semelhante ao presente, a Google Brasil Internet Limitada foi condenada a indenizar o ofendido em R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Trata-se do processo nº 583.00.2006.225915-8, ajuizado por Carlos Frederico Vergueiro, que tramitou perante a 17ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo (SP), cuja sentença ora se transcreve, em parte e ipsis litteris:

“(...) Não se pode olvidar que os responsáveis pelos serviços de disponibilização de informações na internet, tal qual o ‘blogspot.com’ e o ‘Google’, não podem ser obrigados a controlar todo o conteúdo veiculado por terceiros. Contudo, a partir do momento em que cientificados da ocorrência de violações a direitos por meio da utilização de seus serviços, surge-lhes o dever de, incontinenti, suprimir a veiculação das informações. O demandado foi, na data de 26 de abri de 2006, notificado a obstar a continuação da disponibilização das informações atentatórias aos direitos da personalidade do autor (fls. 18/19). Todavia, quedou-se inerte, não impedindo que as lesões ao seu patrimônio moral continuassem. Assim, na data de 8 de maio de 2006, o sítio continuava no ar (fls. 30), assim como em 8 de junho (fls. 33), 21 de julho (fls. 36), 12 de agosto (fls. 37), 10 de novembro (fls. 41) e 13 de novembro do mesmo ano (fls. 43/48). Evidente, pois, a culpa do requerido. Ao explorar economicamente a disponibilização de informações, via internet, deve, ao menos após tendo ciência do cometimento de atos ilícitos, impedir a perpetuação da lesão. Todavia, a providência não foi adotada, em que pese eficazmente notificado para tanto. (...)” (destacou-se)

Diante de todo o exposto, NOTIFICAMOS V.Sas. para que, em 72 (setenta e duas horas) contadas do recebimento da presente, (i) providenciem a remoção das URL’s acima mencionadas do sistema de buscas do Google, e, ainda, (ii) abstenham-se de veicular, em seu índice, qualquer outra URL que contenha o texto difamatório em questão, sob pena de serem adotadas as medidas judiciais cabíveis, nos âmbitos civil e criminal, inclusive em relação aos danos morais e patrimoniais.
Cordialmente,

DIOGO MOURE DOS REIS VIEIRA
OAB/SP nº 238.443

terça-feira, 28 de julho de 2009

CONTESTANDO DONA HEZBOLLAH

Sandra Magalhães – Psicóloga.


Uma senhora – defensora do Hezbollah, escreve em um “site” que Goldberg queria contratá-la para escrever seus textos (ghost-writer de araque?).
Eu fui contratada pelo sionista Goldberg, ao contrário da dona Hezbollah (obviamente rejeitada) e asseguro que o trabalho era de pesquisa de campo (comportamental) e não de falsa autoria (!).
E meu testemunho é de que a cartinha da snra. Hezbollah é piada de humor negro, pois que não cabem superlativos quando se escreve sobre Jacob Pinheiro Goldberg, vida e obra. heterônimos de oceânica vitalidade. Basta ler o depoimento de João Adolfo Hansen (professor titular de literatura brasileira da USP) apresentando a antologia de poemas de JPG, base da tese de doutoramento de Marília Librandi Rocha (Stanford, U.S.A), “Parábola e ponto de fuga, a poesia de JPG”, defendida na USP (10, com distinção e louvor).... “A primeira vez que vi Jacob Pinheiro Goldberg, ele estava na TV, falando do sadismo da burguesia brasileira que goza fazendo o povo sofrer. Desde então, passei a gostar muito dele. Depois, fiquei sabendo pela minha amiga Marília Librandi, que escreve a introdução exata e delicada deste livro, que Jacob nasceu em Juiz de Fora. Era Pinchas, judeu de origem polonesa, mas desabitou o nome, virou Pinheiro. O Brasil é mesmo impossível. Acho que cresceu como qualquer um de nós, sobrevivendo às contingências da vida daqui. Parentes dele foram assassinados em campos nazistas. Estudou Direito, para descobrir que a Lei submete e que o Espírito liberta. Ateu, passou à psicanálise freudiana. A matéria da sua poesia é essa desabitação, essa despossessão, esse estar não-estando de quem medita as perdas levado pelo vento do mundo. Na sombra, à esquerda da linguagem, ele escreve poesia com o sangue da experiência do real. É poesia elegíaca e trágica, uma lamentação que contra-efetua o acontecimento da dor, elaborando o sofrimento para resistir à destruição e à amargura do mal. Você, que agora lê esta orelha, talvez pense que essa forma de expressão da dor é própria da experiência histórica do povo judeu. E pensará bem, com razão. Mas só em parte. Jacob sabe que nascer judeu ou palestino, índio ou espanhol é só acidente, pois o que realmente importa é o que fazemos com o que fizerem de nós. Kafka, por exemplo, quis escrever como um vira-lata para apagar as marcas da Lei gravadas na pele. Jacob é dessa família de desgarrados magníficos que dizem non serviam, ‘não servirei’. Inconformado com a vida, revoltado com a morte, escreve sua poesia na fronteira do Paraguai com a Finlância, aquele não-lugar onde as etnias, as nacionalidades, as religiões, as classes e os sexos finalmente foram abolidos e só sobrou a liberdade da descrença radical dos valores herdados. A liberdade de Jacob é livre, ou seja, generosa, e faz seus poema espaçosos para recolherem compassivamente os cacos da história universal de um ‘nós’ despedaçado. São fortes, os poemas de Jacob, duros, intensos, sem nenhum consolo, comoventes. Podem até fazer desesperados pensar que, se ainda há homens como ele, há esperança para todos. Daqui desta orelha eu mando meu abraço pra ele.”, in “Poemas-vida, antologia de Jacob Pinheiro Goldberg.

Ou Gilberto Vasconcelos, na “Folha” (referência ótimo para “Cultura da Agressividade”) ou Sergio Davila no mesmo jornal na crônica “O dono do Divã”.
Gerado no útero da poeta da imigração judaica no Brasil, Fanny, por seu Luizinho, o imigrante judeu polones, coragem e hassidismo laico, nasceu em Juiz de Fora, mas como diria Henrik Siwierski (professor das universidades de Brasília e Cracovia, tradutor de sua obra “Magya Wygnania” Goldberg é muitos cosmopolita. Neto na linhagem do Rabino Aron Elwing virou Pinheiro por força da tradução de Pinkas seu tio, Yaakov Pinchas Goldberg, enterrado no Cemitério Judeu de São João do Meriti. morreu, 18 anos, tuberculose, imigrante miseravel e com isso como interpretado por Rodolfo Konder (in “Ritual de clivagem”), Goldberg fragmentados.
Na adolescência escreve a primeira apologia ao Irgun e Stern, grupos “terroristas” judeus anti-ingleses, na mídia brasileira. Celebrado por Zigmundo Wolosker lidera o Betar, resgatando o machucado orgulho lesado pelo integralismo. O que não obsta (pelo contrário, explica) seu interesse pela cultura árabe, Kalil Gibran e o sufi mulçumano Nasrudin. Lucas Garce em desponta em seus livros a miscigenação.
Vide sua obra enciclopedica, “Feitiço da Amérika”; Para Oscar Dámbrosio, e Gilberto Mansur, um canto ao nível de Pablo Neruda. O poema central inspirou o maestro Achile Picchi em magistral peça musical, foi publicado na revista “Kurara” (Universidade de Cracovia), analisado pela professora Regina Przyoycien (Universidade do Paraná), lido pelo deputado Athiê Jorge Cury, 7 de setembro, na Câmara dos Deputados. Seu poema “De Maria Fumaça até Picadilly Circus” dedicado a Londres foi declamado pelo senador Eduardo Suplicy e atriz Maria Paula (lançamento de “Rua: Halfeld, Otroviec”) e motivou sua indicação em visita pessoal do Professor Michael Driscoll para deputy-chairmam da Middlesex University (América do Sul), Inglaterra, bem como critica da professora Ely Vieitez Lanes consignando sua altitude clássica (tradução em Cuba, Jorge Colombo) e “Letralia”, Venezuela.
Mas já que o destino reservou - lhe a terra mineira como berço e sobre a qual escreveu alguns dos mais lindos e sofridos versos – “Por entre essas montanhas se torna poeta ou louco” começou colaborando em todos os jornais e revistas da região. Pensando em “ydish” domina o português, elástico em arco literário. Celebrado por Carlos Drumond de Andrade, Jorge Amado, Camara Cascudo e todos mais. Aos 13 anos de idade, sócio da Associação Mineira de Imprensa. Precocidade, “Jornal de Debates” (R.J), “Aonde Vamos?”, “Nossa Voz”, “Jornal de Noticias”, no Rio e São Paulo, já espalhando ousadia, independência, e controvérsia. Presença carismática dirige greve estudantil e agita meios secundaristas em Minas Gerais, denunciado como militante da União da Juventude Comunista, da qual se afasta quando a URSS invade a Thoco eslováquia.
Funda “O Volante” (JF), vice-presidente do D.A do Granbery, líder da UNES, preso no DOPSJF. Orador da formatura do colegial no Colégio Rio Branco(S.P). Escreve os primeiros livros (“Historia que a cigana nua me contou, dedicado a Cuba , da Fidel”) e “Ritmo Esquerdo”. A escrita como paixão é o pretexto para fundar e dirigir no MASP, a convite de Pietro Maria Bardí o Laboratório de Literatura e o Museu de Literatura de São Paulo que ensejam o livro de Ely Vieitez Lanes – “Perspectiva da literatura, segundo Goldberg” - Ed. Moura Lacerda. Seus poemas na “International poetry” – Universidade de Colorcado, E.U.A. refletem este sentir que a revista “Isto É” mostrou em “O exorcista do amor”, entrevista rumorosa.
Vai servir ao Exercito e chega a comandar a la. Cia. de Fuzileiros do 4º R.I.(S.P) e se integra ao grupo dos Generais Stoll Nogueira e Euryale Zerbini, ligados ao “O Semanário”, de Oswaldo Costa, que o apoia como candidato a deputado estadual (Frente Nacionalista e PSD). Dobradinha eleitoral com Dagoberto Salles, iniciando intensa relação com Ulysses Guimarães e Marechal Lott. Defende o projeto do “Serviço Social no Exercito brasileiro” na PUCSP expondo a necessidade de proteção socioeconômica a família do recruta pobre. . Na banca examinadora Zerbini proclama – “Fiquei em duvida entre prendê-lo ou dar-lhe 10”. Dá 10. Anos depois Terezinha Zerbini, a líder da Campanha da Anistia, lutadora contra a ditadura indica Goldberg candidato a senador pelo PDT (Movimento feminino e Grupo Afro). Goldberg declina na convenção, não atendendo a apelo veemente de Leonel Brizola. Em café no Hotel Maksud aguardando o enterro de Ayrton Senna acertam colaboração ideológica. Não se enquadra. Out-sider. Entrevistas de Goldberg para a “Gazeta de Lausanne”, “Los Angeles Time” e artigos no “O Estado de São Paulo” (“O dever de informar”) ver “Diário do Congresso - anais do Senado” oferecem elementos para compreender a intimidade e o refratário que leva Goldberg a recusar sua candidatura a governador de São Paulo na Convenção do PSB. Em síntese a perspectiva do poder – patologia.
Militante da campanha de Lott a Presidência da Republica se destaca, por sua lealdade e civismo (ver biografia de Lott-Wagner William), mas granjeia o respeito e admiração de Janio Quadros (ver biografia de Gabriel Kwak). Neste período exerce influencia carismática como porta-voz do grupo composto, entre outros, por José Maria Crispim.
Advogado combativo e progressista constrói uma carreira singular, com intenso desempenho forense e modulação teórica como professor convidado na Faculdade de Direito da USP, Procuradoria (S.P), Tribunal de Alçada Criminal, O.A.B.S.P, O.A.B.J.F, A.A.S.P., artigos em publicações especializadas, defesa dos direitos humanos, no Brasil e no Exterior Debate celebre com Marcio Thomas Bastos, O.A.B e F.D.U.S.P. Em Campinas, a convite da Comissão Justiça e Paz, Cecê Afonso Ferreira em causas de repercussão, culminando com o reconhecimento da comenda Benjamin Colucci que lhe é outorgada pela OABMG, por serviços prestados ao Direito. Antológica sua palestra para o M.P, “Psicologia do sentenciado”, debate coordenado pela procuradora Ana Sofia Schimdit de Oliveira e discussão com o professor doutor Piquet Carneiro, Harvard, (“Primeiro de Janeiro”, Porto, Portugal). Outrossim o parecer no sentido de que a mulher indique o pai de seu filho, subsidio a projeto do deputado Sebastião Nery e exposição no Senado sobre violência urbana, com o apoio do senador Nelson Carneiro e transcrição de ensaio sobre o “Dever de informar” (crime de imprensa). Sua pesquisa de campo sobre micro-violencia (com professor Jerry Hart – University of Leicester, Inglaterra) alinha com o Work-shop em Campinas (penitenciária), Comissão Justiça e Paz da Igreja Católica e processo em Oberamergau (Alemanha) sobre a “Paixão de Cristo”, “Genocídio Cultural” para Societé Internacionelle de Prophilaxie Criminelle de Paris, Inova o Crime do Extermínio a partir da dimensão subjetiva,com reconhecimento entusiástico do Ministro Aba Eban (Israel). “ O Direito e a ordem jurídica nos processos do desenvolvimento” – PUC – Campinas, “Du Droit á la Vie-Conferencia Mundial sobre a população” – Romênia, “A educação na era da complexidade didática para a liberdade” – VI Congresso Internacional de Educação – “O Direito e violência urbana” – X Congresso Mundial de Direito – “Relação entre a poderes” – Iº Congresso brasileiro de Direito Constitucional a convite de Michael Temer. Gerações de advogados, e psicólogos alunos e admiradores consideram suas teses doutrinarias, das mais originais por sua polivalencia e sustentação cientifica diferenciada.
Enquanto isto sempre, escreve poesias que vão sendo publicadas mundo a fora, surpreendendo pelo espírito e estética, consagrado por banca aristocrática da nossa critica literária (S.P)
Humanista, cuida entre outros trabalhos de, “O problema do excepcional” (APAE) e “A discriminação racial e a lei brasileira”, com introdução de Eduardo de Oliveira. “A clave da morte”, pioneiro na transvaloração da tanatofobia se alia a “D’ont let me die” (S.O.S woman, San Francisco, EUA), apresentado no Instituto Emilio Ribas (Caso AIDS) e publicado no livro de Focaccia-Veronese – Lomar, exposto no curso de pós-graduação em oncologia no Hospital do Câncer.
O encanto e fascínio independente deságuam no jornal anarquista “Dealbar” (S.P), aonde elabora autentico manifesto de arte libertaria. O jornalista Rainer Fabians, da revista alemã “Stern” capturou este senso de Jacob Pinheiro Goldberg em entrevista (1989), o que caracteriza sua performance no documentário “Moto boy – Vida Louca” – 27º Mostra Internacional de cinema, S.P.
Enquanto psicólogo clinica décadas a fio e na USP, funda, sob aplausos do reitor, dirige e leciona, o curso de “Psicologia e história”, no Núcleo de História da Ciência, tecendo os fundamentos, através de pesquisas de campos reflexões memoráveis, nos mais importantes institutos do Brasil, e com entusiásticos aportes internacionais de uma psicologia polarizada que se espelha na sua tese de doutoramento (Universidade Mackenzie).
Maçom, sob a égide do Grande Oriente do Brasil antecipa uma política de comunidade fraterna que se opõe a barbarie “Cultura da Agressividade” (Ed. Landy).
Na espiritualidade universal contesta a versão anti-semita da “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson e de Oberamergau, Alemanha, o que redunda num processo-crime surrealista, alimentando por desafetos já antigos no ódio e na inveja, delatores que alegram Goldberg ter assistido ao filme em DVD pirata, repelido pelo Tribunal.
Tanto em relação a Iara Iavelberg quanto a Stefan Zweig se entrega a releituras de justiça (palestras na Faculdade de Direito da USP – Cadeira de Direito Penal).Escreve a mais importante obra de revisão contemporânea do judaísmo preconizando o “Aggiornamento” e a superação do gueto (“Judaísmos-ético e não-étnico”), mais razões para conflitos mesquinhos, recebendo insultos infâmias e pela internet. Recebe contudo cobertura solidária da Igreja Católica, (“Ecclesia”) grupos evangélicos e judeus. Inclusive afinizado com o Cardeal Josef Ratzinger, atual Papa.
O papel intelectual firme ressalvado no episodio da morte de Tancredo Neves (“Folha de São Paulo” e TV Globo) em que denuncia a farsa, é o mesmo repasse da sua histórica intervenção proferida a convite do professor Carlos Guilherme Mota na Faculdade de Filosofia da USP sobre Sobral Pinto, que acaba recebendo o titulo de doutor “honoris-causa”, em episódio histórico.
Alinhado com Czeslaw Milosz (Premio Nobel), ao criar o Centro de Analise do poeta, o embaixador polonês vem de Brasília, e, em São Paulo, na sua clinica Goldberg recebe a noticia da concessão do titulo de cidadão polonês por decisão do presidente da Republica, consagração em “Os poloneses sob o Cruzeiro do Sul”.
Nestas transversalidades, no esporte com Ayrton Senna, Palmeiras, Marcelinho Carioca, Vanessa Menga, Suzano, na política em debate com o presidente Lula com Mario Covas, Janio Quadros, estudos sobre José Serra, Marta Suplicy. Criação do conceito “tucano” (Governador Franco Montoro), nas artes, na filosofia, forja o campo da Imagética, braço da psicologia, resultado de experiência existencial profunda, junto a “mídia”, Universidade, critica.
4 filhos, cinéfilo (“Psicologia em curta metragem”) “Reserva Cultural”, praticante de karatê, refratário ao uso de avião (embarca no ultimo vôo do “Concorde”, Rio - Paris, para a Copa do Mundo). No retorno, entrevistado por Boris Casoy escandaliza dizendo que a vitoria da “Marselhesa” sobre o hino nacional não aconteceria se – “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”.
Em Dakar, declama versos de Leopold Sendar Senghor, em Londres na Faculdade de Medicina (reverberação acadêmica internacional) discorre sobre “Eve Will be God”, Exposição de Alberto Dutra. Na Congregação Evangélica da Lapa é saudado por Percival de Souza como visionário genial de horizontes da fé e no Seminário Paulopolitano.
Durante entrevista a Diana Canetti (Alemanha) repete o “mantra” que o distingue, na lógica de Jorge Luiz Borges – “um cavalheiro só se interessa por causas perdidas”.
O moleque franzino da Rua Batista de Oliveira é traço adivinho no provérbio árabe – o destino se ri dos planos dos homens”. Reprovado no 1º ano do ginásio, ao presidir sessão no XV Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Saúde Mental J.P.G foi apontado com Roth, Hofman e Pineda como eminência mundial em saúde mental.
Nele, antes, projetou Rudyard Kipling, em “Se”. Para lagrimas despeitadas e aplausos camaradas.
Jorge Sanglard sintetizou seu carisma: “La poésie comme source de vie” – Contudo se o interessado quiser entender este percurso que prossegue, releia este texto como roteiro de filme-saga (obsessão pela tela de Goldberg), com uma trilha sonora – “Aleluia”, canto de Leonard Cohen, a “Internacional”, pelo coro do Exercito Vermelho, Caminito, com Carlos Gardel, Ierushalan shel zahav e finalmente, mas não menos “O Ébrio” com Vicente Celestino, com quem Goldberg viajou em trem para o Rio de Janeiro, numa das piruetas de “serendipty” que explicam e justificam este barco à deriva rimbaudiano, poetólogo do sempre, aqui.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Resposta a Alberto Dines

O CANDELABRO ACESO

Marília Librandi Rocha

Rever a história. Re-iluminá-la. Lançar-lhe uma outra luz.

Quem se volta para a própria sombra? Perguntou Stefan Zweig, no conto "Leporella", em 1939. Agora, outra voz pergunta: "quem matou Stefan Zweig?", encontrado morto, com sua mulher, em 1942.Essa pergunta precisa ser feita. Ela é legítima, decente, conseqüente.

A suspeita de assassinato, encabeçada pelo psicólogo e escritor Jacob Pinheiro Goldberg e sustentada por outros pesquisadores, traz de volta o assombro, a perplexidade com a morte mal investigada, negligenciada (apesar das pompas fúnebres oficiais).

Respeitar Stefan Zweig é suspeitar de assassinato, pois seu suicídio passou para a história como o de um derrotista, e não de um bravo. Se o ato suicida foi seu gesto de adeus, ele o foi para acusar e revelar o assassinato de uma época. Foi-se como o candelabro enterrado, resistindo, e só aguardando um outro momento da história para reacender-se. Stefan nos aguarda. Ele, como disse Goldberg, deixou todas as pistas: morreu jogando xadrez e sua última novela é o jogo de xadrez. Zweig lidava com sutilezas, não com arrogância.

O próprio autor de sua biografia no Brasil, Alberto Dines, reúne dados que legitimam a suspeita de assassinato, mas ele não a ressalta, nem sequer levanta essa possibilidade. Por quê? "Pobre Zweig..." - seu biógrafo termina um livro com um epílogo com este título. "Pobre Zweig" diz ele repetidas vezes. Como "pobre Zweig"? É preciso dizer : Viva Zweig, Salve Zweig, Grande Zweig.

Frases colhidas no livro de Dines, Morte no Paraíso (1981): "(...) graças à lealdade dos amigos foram dispensadas autópsias e investigações(...)";"Ditadura, censura,paternalismo -junção de conveniências, leviandade, inconseqüência,impediram que alguns detalhes fossem buscados".(E justifica) "Não alterariam a tragédia..."; Declaração do diretor de Saúde Pública, ao autor: "Fomos proibidos de fazer a autópsia. Ordem do Palácio. Encontramos apenas um tubo de Adalina (...)sonífero leve(...)insuficiente para matar uma pessoa, quanto mais duas"; "...supunha-se nas primeiras horas que Stefan tivesse sido ameaçado ou sofrera pressões de grupos integralistas e pró-nazistas"; "foi derrotado", "teve fim inglório".

Em outro momento Dines faz um paralelo entre opostos excludentes, comparando Stefan Zweig a Hitler, nesta frase indefensável pinçada do epílogo de sua biografia: "Arribou Stefan no Brasil decidido a abster-se, aceitando instintivamente a pena decretada por Hitler de que judeus devem sumir. Erraram Adolf e Stefan, dois austríacos inquietos". Dois austríacos inquietos? Adolf e Stefan? Não há comparação possível, aproximação nenhuma pode unir o assassino à vítima.

Rubem Braga, respondendo aos ataques de covarde dirigidos a Zweig logo após a sua morte, escreveu estas palavras que corroboram nossa tese: "Os que choraram sua morte não são partidários do suicídio.Todos sentiram que a deserção deste homem valeu como lancinante protesto contra a estupidez(...),o corpo de um homem que Hitler matou". Mas seu biógrafo no Brasil, pensando louvar o escritor, diz: "o campeão do pacifismo(...)desertou"; "ousou apenas um gesto de militância-capitular"; "Zweig parou no meio do caminho, personagem de seu próprio crivo".



Inversão de perspectiva:questionar o suicídio é dever de honra para com a memória de um grande escritor. Lidemos com o paradoxo, com a ambivalência dos signos e dos gestos humanos: Stefan Zweig foi "suicidado".

Por que não houve autópsia?

Por que não foi enterrado no cemitério judeu do Rio, como queria o Rabino que veio para levar o corpo e foi impedido e ameaçado?

Por que, na Declaração final, sua esposa não é mencionada, se havia um pacto de morte entre eles?

Qual exatamente o veneno ingerido?

São algumas das muitas perguntas levantadas por Silvio Saindemberg.

Revejamos a cena.

Os dois, ele e sua mulher, são encontrados mortos na cama. Nas fotos do crime, eles aparecem em posições diversas. Como confiar nelas e saber que não houve adulteração? Na época, nada foi feito como averiguação. O motivo alegado: não incomodar os mortos. Depois foi achada uma Declaração, pacotes de livros para entregar ao editor, cartas e testamento. Ficou o que provava ineludivelmente o suicídio.Mas e o que não foi achado e se perdeu? E o que não foi contado?

A suspeita de assassinato lança um ponto de interrogação complexo e procedente com a vida, a obra e a história social e política da época. A tese de assassinato está mais próxima da noção de "A História como poetisa",texto do próprio Zweig, e também da concepção de História que propõe Walter Benjamim (outro "suicidado") e que, em suas teses sobre o conceito de história, mostra a necessidade de uma interrupção no discurso histórico, que ele qualifica de "messiânica"e que tem como fonte a razão poética.

Como disse Jeanne Marie Gagnebin em seu importante estudo História e narração em Walter Benjamim ( Perspectiva, 1994), "a tarefa do historiador "materialista" é definida essencialmente, pela produção, (de) rupturas eficazes". "Longe de apresentar de inicio um outro sistema explicativo ou uma "contra-história"(...), a reflexão do historiador deve provocar um abalo, um choque que imobiliza o desenvolvimento falsamente natural da narrativa".O que Pinheiro Goldberg fez parece ser exatamente isto: não quis propor uma "contra-história", mas provocar no desenrolar de seu discurso um abalo capaz de trazer Stefan Zweig de volta. É um espécie de ressurreição pela escrita - ato profano que engendra o retorna à vida.

Trata-se de uma "hermenêutica da suspeita", capaz de interromper a história para marcar "o lugar de uma verdade não-dita", assim como a psicanálise traz à tona o recalcado. "O pensamento de Benjamin" - continua Gagnebin - "me parece se aproximar mais da tradição profética judaica, isto é, de uma palavra corrosiva e impetuosa que subverte o ordenamento tranqüilo do discurso estabelecido; subversão tanto mais violenta quanto ela é também o lembrar de uma promessa e de uma exigência de transformação radical".

Um dos modos de "fazer irromper do passado uma significação inédita" é perceber semelhanças entre episódios distantes no tempo. Goldberg fez isso ao aproximar o caso de Zweig ao de Wladimir Herzog, ao de Iara Iavelberg, cujo suicídio alegado não passava de uma grande farsa.



Mais do que falar em tese, trata-se de uma postura diante da vida, diante da arte, diante da memória humana, escrevendo a história da humanidade que vale a pena. Ver o seu tempo, mas também fora dele, enxergando-o com vistas à Eternidade.

Por tudo isso, prefiro um epílogo que termine dizendo: Salve Zweig! Eu te saúdo.

Artigo publicado no Suplemento Literário de Minas Gerais - No.58 - Abril 2000.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Difamações e infâmias.

Dr. Jacob,

Li no blog a matéria de seu advogado sobre o tal jornalista Dines.
Nunca li qualquer coisa deste sr.
Em contrapartida, li sua POESIA, e para mim basta.
Sua arte fala por si.
Certa vez, ousei dizer a um magistrado, que a humanidade precisa mais dos poetas que dos juízes.
O dito serve para o caso: a humanidade não teria chegado até aqui sem poesia, pois certamente já teríamos nos trucidado; em compensação sobre os
jornalismo e "jornalistas", não se pode dizer o mesmo.

Um solidário abraço
maria rodrigues

terça-feira, 14 de julho de 2009

Estado de Minas

A poesia como fonte de vida.


Psicanalista e poeta, Jacob Pinheiro Goldberg é escritor lúcido, da família dos desgarrados.

A solidão e o estranhamento, tanto existencial quanto geográfico, permeiam a poética de Jacob Pinheiro Goldberg. Ora um choque cultural intenso, ora um ímpeto de comunicação e diálogo. “Espécie de errância interior, trajetória de vida contada e recontada em muitos poemas e textos, a poesia de Jacob Pinheiro Goldberg pode ser descrita como a de uma vida singular tornada estranhos poemas ou poemas-vida.” Assim, Marília Librandi Rocha abre alas para a compreensão de uma obra inquietante. E ao partir desta vertente, para organizar a antologia Poemas-Vida (Editora 7Letras), Marília Librandi Rocha articulou um livro que revela a força poética de um escritor desterritorializado.

Nascido em Juiz de Fora e radicado em São Paulo há mais de 50 anos, o poeta e psicanalista faz da escrita e da poesia a busca de uma expressão de vida. Em constante processo de criação, a fronteira é a pátria de Jacob Pinheiro Goldberg, a esquina, sua peregrinação. Admirador confesso da obra de outro poeta mineiro, Murilo Mendes (1901-1975), como um outsider, Goldberg tem instigado o debate de ideias, a reflexão e, com isso, provocado muita polêmica. O “psicólogo da poética”, nas palavras de Sandra Magalhães, investe na construção poética como um desafio de revirar o passado e apontar para o futuro.

Poemas-Vida deriva de um estudo realizado sobre a obra de Jacob Pinheiro Goldberg, defendido em 2003, como tese de doutorado de Marília Librandi Rocha na Universidade de São Paulo (USP). Marília Librandi partiu da leitura de cerca de 1,2 mil textos publicados nos livros de Goldberg (compreendendo por “textos” uma produção escrita que inclui desde poemas longos, crônicas, artigos, até escritos de uma só frase ou poemas de um só verso), chegando a uma seleção que, segundo seu ponto de vista como organizadora, corresponde a algumas das principais preocupações e tendências da escrita de Goldberg. Os textos foram reunidos em sete tópicos: “Parábola e ponto de fuga”, “O nem insólito”, “Sombra da sombra”, “A carne da memória”, “Bio(necro)grafia”, “Errância” e “Melitzá. Fragmentos poéticos”.

Desde então, Goldberg assumiu os próprios textos, antes guardados em gavetas ou publicados em pequenas edições de autor, e teve sua produção escrita reconhecida por um número significativo de leitores, entre os quais Henryk Siewierski, que traduziu 18 de seus poemas para o polonês. O poeta também publicou, em 2005, o livro Rua Halfeld, Ostroviec, no qual mergulha na esquina imaginária entre a rua mais importante de Juiz de Fora e a cidade natal de seus pais na Polônia.

Vento do mundo

Na opinião de João Adolfo Hansen, professor titular de literatura brasileira na USP, a matéria da poesia de Jacob Goldberg é essa desabitação, essa despossessão, esse estar não estando de quem medita as perdas levado pelo vento do mundo. “Na sombra, à esquerda da linguagem, Goldberg escreve poesia com o sangue da experiência do real. É poesia elegíaca e trágica, uma lamentação que contraefetua o acontecimento da dor, elaborando o sofrimento para resistir à destruição e à amargura do mal.”

Jacob sabe que nascer judeu ou palestino, índio ou espanhol é só acidente, pois o que realmente importa é o que fazemos com o que fizeram de nós, afirma Hansen. E explica: “Kafka, por exemplo, quis escrever como um vira-lata para apagar as marcas da lei gravadas na pele. Jacob é dessa família de desgarrados magníficos que dizem non serviam, ‘não servirei’. Inconformado com a vida, revoltado com a morte, escreve sua poesia na fronteira do Paraguai com a Finlândia, aquele não-lugar onde as etnias, as nacionalidades, as religiões, as classes e os sexos finalmente foram abolidos e só sobrou a liberdade da descrença radical dos valores herdados”.

A antologia Poemas-Vida é uma síntese da reflexão poética de Jacob Pinheiro Goldberg ao longo do tempo, em meio à perplexidade, ao desafio, ao caos e à superação. É um compromisso de vida e um compromisso com a escrita. Enfim, é uma outra forma de respirar.

Jorge Sanglard é jornalista e pesquisador.

POEMAS-VIDA
De Jacob Pinheiro Goldberg
Editora 7 Letras, 120 páginas, R$ 29