terça-feira, 28 de julho de 2009

CONTESTANDO DONA HEZBOLLAH

Sandra Magalhães – Psicóloga.


Uma senhora – defensora do Hezbollah, escreve em um “site” que Goldberg queria contratá-la para escrever seus textos (ghost-writer de araque?).
Eu fui contratada pelo sionista Goldberg, ao contrário da dona Hezbollah (obviamente rejeitada) e asseguro que o trabalho era de pesquisa de campo (comportamental) e não de falsa autoria (!).
E meu testemunho é de que a cartinha da snra. Hezbollah é piada de humor negro, pois que não cabem superlativos quando se escreve sobre Jacob Pinheiro Goldberg, vida e obra. heterônimos de oceânica vitalidade. Basta ler o depoimento de João Adolfo Hansen (professor titular de literatura brasileira da USP) apresentando a antologia de poemas de JPG, base da tese de doutoramento de Marília Librandi Rocha (Stanford, U.S.A), “Parábola e ponto de fuga, a poesia de JPG”, defendida na USP (10, com distinção e louvor).... “A primeira vez que vi Jacob Pinheiro Goldberg, ele estava na TV, falando do sadismo da burguesia brasileira que goza fazendo o povo sofrer. Desde então, passei a gostar muito dele. Depois, fiquei sabendo pela minha amiga Marília Librandi, que escreve a introdução exata e delicada deste livro, que Jacob nasceu em Juiz de Fora. Era Pinchas, judeu de origem polonesa, mas desabitou o nome, virou Pinheiro. O Brasil é mesmo impossível. Acho que cresceu como qualquer um de nós, sobrevivendo às contingências da vida daqui. Parentes dele foram assassinados em campos nazistas. Estudou Direito, para descobrir que a Lei submete e que o Espírito liberta. Ateu, passou à psicanálise freudiana. A matéria da sua poesia é essa desabitação, essa despossessão, esse estar não-estando de quem medita as perdas levado pelo vento do mundo. Na sombra, à esquerda da linguagem, ele escreve poesia com o sangue da experiência do real. É poesia elegíaca e trágica, uma lamentação que contra-efetua o acontecimento da dor, elaborando o sofrimento para resistir à destruição e à amargura do mal. Você, que agora lê esta orelha, talvez pense que essa forma de expressão da dor é própria da experiência histórica do povo judeu. E pensará bem, com razão. Mas só em parte. Jacob sabe que nascer judeu ou palestino, índio ou espanhol é só acidente, pois o que realmente importa é o que fazemos com o que fizerem de nós. Kafka, por exemplo, quis escrever como um vira-lata para apagar as marcas da Lei gravadas na pele. Jacob é dessa família de desgarrados magníficos que dizem non serviam, ‘não servirei’. Inconformado com a vida, revoltado com a morte, escreve sua poesia na fronteira do Paraguai com a Finlância, aquele não-lugar onde as etnias, as nacionalidades, as religiões, as classes e os sexos finalmente foram abolidos e só sobrou a liberdade da descrença radical dos valores herdados. A liberdade de Jacob é livre, ou seja, generosa, e faz seus poema espaçosos para recolherem compassivamente os cacos da história universal de um ‘nós’ despedaçado. São fortes, os poemas de Jacob, duros, intensos, sem nenhum consolo, comoventes. Podem até fazer desesperados pensar que, se ainda há homens como ele, há esperança para todos. Daqui desta orelha eu mando meu abraço pra ele.”, in “Poemas-vida, antologia de Jacob Pinheiro Goldberg.

Ou Gilberto Vasconcelos, na “Folha” (referência ótimo para “Cultura da Agressividade”) ou Sergio Davila no mesmo jornal na crônica “O dono do Divã”.
Gerado no útero da poeta da imigração judaica no Brasil, Fanny, por seu Luizinho, o imigrante judeu polones, coragem e hassidismo laico, nasceu em Juiz de Fora, mas como diria Henrik Siwierski (professor das universidades de Brasília e Cracovia, tradutor de sua obra “Magya Wygnania” Goldberg é muitos cosmopolita. Neto na linhagem do Rabino Aron Elwing virou Pinheiro por força da tradução de Pinkas seu tio, Yaakov Pinchas Goldberg, enterrado no Cemitério Judeu de São João do Meriti. morreu, 18 anos, tuberculose, imigrante miseravel e com isso como interpretado por Rodolfo Konder (in “Ritual de clivagem”), Goldberg fragmentados.
Na adolescência escreve a primeira apologia ao Irgun e Stern, grupos “terroristas” judeus anti-ingleses, na mídia brasileira. Celebrado por Zigmundo Wolosker lidera o Betar, resgatando o machucado orgulho lesado pelo integralismo. O que não obsta (pelo contrário, explica) seu interesse pela cultura árabe, Kalil Gibran e o sufi mulçumano Nasrudin. Lucas Garce em desponta em seus livros a miscigenação.
Vide sua obra enciclopedica, “Feitiço da Amérika”; Para Oscar Dámbrosio, e Gilberto Mansur, um canto ao nível de Pablo Neruda. O poema central inspirou o maestro Achile Picchi em magistral peça musical, foi publicado na revista “Kurara” (Universidade de Cracovia), analisado pela professora Regina Przyoycien (Universidade do Paraná), lido pelo deputado Athiê Jorge Cury, 7 de setembro, na Câmara dos Deputados. Seu poema “De Maria Fumaça até Picadilly Circus” dedicado a Londres foi declamado pelo senador Eduardo Suplicy e atriz Maria Paula (lançamento de “Rua: Halfeld, Otroviec”) e motivou sua indicação em visita pessoal do Professor Michael Driscoll para deputy-chairmam da Middlesex University (América do Sul), Inglaterra, bem como critica da professora Ely Vieitez Lanes consignando sua altitude clássica (tradução em Cuba, Jorge Colombo) e “Letralia”, Venezuela.
Mas já que o destino reservou - lhe a terra mineira como berço e sobre a qual escreveu alguns dos mais lindos e sofridos versos – “Por entre essas montanhas se torna poeta ou louco” começou colaborando em todos os jornais e revistas da região. Pensando em “ydish” domina o português, elástico em arco literário. Celebrado por Carlos Drumond de Andrade, Jorge Amado, Camara Cascudo e todos mais. Aos 13 anos de idade, sócio da Associação Mineira de Imprensa. Precocidade, “Jornal de Debates” (R.J), “Aonde Vamos?”, “Nossa Voz”, “Jornal de Noticias”, no Rio e São Paulo, já espalhando ousadia, independência, e controvérsia. Presença carismática dirige greve estudantil e agita meios secundaristas em Minas Gerais, denunciado como militante da União da Juventude Comunista, da qual se afasta quando a URSS invade a Thoco eslováquia.
Funda “O Volante” (JF), vice-presidente do D.A do Granbery, líder da UNES, preso no DOPSJF. Orador da formatura do colegial no Colégio Rio Branco(S.P). Escreve os primeiros livros (“Historia que a cigana nua me contou, dedicado a Cuba , da Fidel”) e “Ritmo Esquerdo”. A escrita como paixão é o pretexto para fundar e dirigir no MASP, a convite de Pietro Maria Bardí o Laboratório de Literatura e o Museu de Literatura de São Paulo que ensejam o livro de Ely Vieitez Lanes – “Perspectiva da literatura, segundo Goldberg” - Ed. Moura Lacerda. Seus poemas na “International poetry” – Universidade de Colorcado, E.U.A. refletem este sentir que a revista “Isto É” mostrou em “O exorcista do amor”, entrevista rumorosa.
Vai servir ao Exercito e chega a comandar a la. Cia. de Fuzileiros do 4º R.I.(S.P) e se integra ao grupo dos Generais Stoll Nogueira e Euryale Zerbini, ligados ao “O Semanário”, de Oswaldo Costa, que o apoia como candidato a deputado estadual (Frente Nacionalista e PSD). Dobradinha eleitoral com Dagoberto Salles, iniciando intensa relação com Ulysses Guimarães e Marechal Lott. Defende o projeto do “Serviço Social no Exercito brasileiro” na PUCSP expondo a necessidade de proteção socioeconômica a família do recruta pobre. . Na banca examinadora Zerbini proclama – “Fiquei em duvida entre prendê-lo ou dar-lhe 10”. Dá 10. Anos depois Terezinha Zerbini, a líder da Campanha da Anistia, lutadora contra a ditadura indica Goldberg candidato a senador pelo PDT (Movimento feminino e Grupo Afro). Goldberg declina na convenção, não atendendo a apelo veemente de Leonel Brizola. Em café no Hotel Maksud aguardando o enterro de Ayrton Senna acertam colaboração ideológica. Não se enquadra. Out-sider. Entrevistas de Goldberg para a “Gazeta de Lausanne”, “Los Angeles Time” e artigos no “O Estado de São Paulo” (“O dever de informar”) ver “Diário do Congresso - anais do Senado” oferecem elementos para compreender a intimidade e o refratário que leva Goldberg a recusar sua candidatura a governador de São Paulo na Convenção do PSB. Em síntese a perspectiva do poder – patologia.
Militante da campanha de Lott a Presidência da Republica se destaca, por sua lealdade e civismo (ver biografia de Lott-Wagner William), mas granjeia o respeito e admiração de Janio Quadros (ver biografia de Gabriel Kwak). Neste período exerce influencia carismática como porta-voz do grupo composto, entre outros, por José Maria Crispim.
Advogado combativo e progressista constrói uma carreira singular, com intenso desempenho forense e modulação teórica como professor convidado na Faculdade de Direito da USP, Procuradoria (S.P), Tribunal de Alçada Criminal, O.A.B.S.P, O.A.B.J.F, A.A.S.P., artigos em publicações especializadas, defesa dos direitos humanos, no Brasil e no Exterior Debate celebre com Marcio Thomas Bastos, O.A.B e F.D.U.S.P. Em Campinas, a convite da Comissão Justiça e Paz, Cecê Afonso Ferreira em causas de repercussão, culminando com o reconhecimento da comenda Benjamin Colucci que lhe é outorgada pela OABMG, por serviços prestados ao Direito. Antológica sua palestra para o M.P, “Psicologia do sentenciado”, debate coordenado pela procuradora Ana Sofia Schimdit de Oliveira e discussão com o professor doutor Piquet Carneiro, Harvard, (“Primeiro de Janeiro”, Porto, Portugal). Outrossim o parecer no sentido de que a mulher indique o pai de seu filho, subsidio a projeto do deputado Sebastião Nery e exposição no Senado sobre violência urbana, com o apoio do senador Nelson Carneiro e transcrição de ensaio sobre o “Dever de informar” (crime de imprensa). Sua pesquisa de campo sobre micro-violencia (com professor Jerry Hart – University of Leicester, Inglaterra) alinha com o Work-shop em Campinas (penitenciária), Comissão Justiça e Paz da Igreja Católica e processo em Oberamergau (Alemanha) sobre a “Paixão de Cristo”, “Genocídio Cultural” para Societé Internacionelle de Prophilaxie Criminelle de Paris, Inova o Crime do Extermínio a partir da dimensão subjetiva,com reconhecimento entusiástico do Ministro Aba Eban (Israel). “ O Direito e a ordem jurídica nos processos do desenvolvimento” – PUC – Campinas, “Du Droit á la Vie-Conferencia Mundial sobre a população” – Romênia, “A educação na era da complexidade didática para a liberdade” – VI Congresso Internacional de Educação – “O Direito e violência urbana” – X Congresso Mundial de Direito – “Relação entre a poderes” – Iº Congresso brasileiro de Direito Constitucional a convite de Michael Temer. Gerações de advogados, e psicólogos alunos e admiradores consideram suas teses doutrinarias, das mais originais por sua polivalencia e sustentação cientifica diferenciada.
Enquanto isto sempre, escreve poesias que vão sendo publicadas mundo a fora, surpreendendo pelo espírito e estética, consagrado por banca aristocrática da nossa critica literária (S.P)
Humanista, cuida entre outros trabalhos de, “O problema do excepcional” (APAE) e “A discriminação racial e a lei brasileira”, com introdução de Eduardo de Oliveira. “A clave da morte”, pioneiro na transvaloração da tanatofobia se alia a “D’ont let me die” (S.O.S woman, San Francisco, EUA), apresentado no Instituto Emilio Ribas (Caso AIDS) e publicado no livro de Focaccia-Veronese – Lomar, exposto no curso de pós-graduação em oncologia no Hospital do Câncer.
O encanto e fascínio independente deságuam no jornal anarquista “Dealbar” (S.P), aonde elabora autentico manifesto de arte libertaria. O jornalista Rainer Fabians, da revista alemã “Stern” capturou este senso de Jacob Pinheiro Goldberg em entrevista (1989), o que caracteriza sua performance no documentário “Moto boy – Vida Louca” – 27º Mostra Internacional de cinema, S.P.
Enquanto psicólogo clinica décadas a fio e na USP, funda, sob aplausos do reitor, dirige e leciona, o curso de “Psicologia e história”, no Núcleo de História da Ciência, tecendo os fundamentos, através de pesquisas de campos reflexões memoráveis, nos mais importantes institutos do Brasil, e com entusiásticos aportes internacionais de uma psicologia polarizada que se espelha na sua tese de doutoramento (Universidade Mackenzie).
Maçom, sob a égide do Grande Oriente do Brasil antecipa uma política de comunidade fraterna que se opõe a barbarie “Cultura da Agressividade” (Ed. Landy).
Na espiritualidade universal contesta a versão anti-semita da “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson e de Oberamergau, Alemanha, o que redunda num processo-crime surrealista, alimentando por desafetos já antigos no ódio e na inveja, delatores que alegram Goldberg ter assistido ao filme em DVD pirata, repelido pelo Tribunal.
Tanto em relação a Iara Iavelberg quanto a Stefan Zweig se entrega a releituras de justiça (palestras na Faculdade de Direito da USP – Cadeira de Direito Penal).Escreve a mais importante obra de revisão contemporânea do judaísmo preconizando o “Aggiornamento” e a superação do gueto (“Judaísmos-ético e não-étnico”), mais razões para conflitos mesquinhos, recebendo insultos infâmias e pela internet. Recebe contudo cobertura solidária da Igreja Católica, (“Ecclesia”) grupos evangélicos e judeus. Inclusive afinizado com o Cardeal Josef Ratzinger, atual Papa.
O papel intelectual firme ressalvado no episodio da morte de Tancredo Neves (“Folha de São Paulo” e TV Globo) em que denuncia a farsa, é o mesmo repasse da sua histórica intervenção proferida a convite do professor Carlos Guilherme Mota na Faculdade de Filosofia da USP sobre Sobral Pinto, que acaba recebendo o titulo de doutor “honoris-causa”, em episódio histórico.
Alinhado com Czeslaw Milosz (Premio Nobel), ao criar o Centro de Analise do poeta, o embaixador polonês vem de Brasília, e, em São Paulo, na sua clinica Goldberg recebe a noticia da concessão do titulo de cidadão polonês por decisão do presidente da Republica, consagração em “Os poloneses sob o Cruzeiro do Sul”.
Nestas transversalidades, no esporte com Ayrton Senna, Palmeiras, Marcelinho Carioca, Vanessa Menga, Suzano, na política em debate com o presidente Lula com Mario Covas, Janio Quadros, estudos sobre José Serra, Marta Suplicy. Criação do conceito “tucano” (Governador Franco Montoro), nas artes, na filosofia, forja o campo da Imagética, braço da psicologia, resultado de experiência existencial profunda, junto a “mídia”, Universidade, critica.
4 filhos, cinéfilo (“Psicologia em curta metragem”) “Reserva Cultural”, praticante de karatê, refratário ao uso de avião (embarca no ultimo vôo do “Concorde”, Rio - Paris, para a Copa do Mundo). No retorno, entrevistado por Boris Casoy escandaliza dizendo que a vitoria da “Marselhesa” sobre o hino nacional não aconteceria se – “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”.
Em Dakar, declama versos de Leopold Sendar Senghor, em Londres na Faculdade de Medicina (reverberação acadêmica internacional) discorre sobre “Eve Will be God”, Exposição de Alberto Dutra. Na Congregação Evangélica da Lapa é saudado por Percival de Souza como visionário genial de horizontes da fé e no Seminário Paulopolitano.
Durante entrevista a Diana Canetti (Alemanha) repete o “mantra” que o distingue, na lógica de Jorge Luiz Borges – “um cavalheiro só se interessa por causas perdidas”.
O moleque franzino da Rua Batista de Oliveira é traço adivinho no provérbio árabe – o destino se ri dos planos dos homens”. Reprovado no 1º ano do ginásio, ao presidir sessão no XV Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Saúde Mental J.P.G foi apontado com Roth, Hofman e Pineda como eminência mundial em saúde mental.
Nele, antes, projetou Rudyard Kipling, em “Se”. Para lagrimas despeitadas e aplausos camaradas.
Jorge Sanglard sintetizou seu carisma: “La poésie comme source de vie” – Contudo se o interessado quiser entender este percurso que prossegue, releia este texto como roteiro de filme-saga (obsessão pela tela de Goldberg), com uma trilha sonora – “Aleluia”, canto de Leonard Cohen, a “Internacional”, pelo coro do Exercito Vermelho, Caminito, com Carlos Gardel, Ierushalan shel zahav e finalmente, mas não menos “O Ébrio” com Vicente Celestino, com quem Goldberg viajou em trem para o Rio de Janeiro, numa das piruetas de “serendipty” que explicam e justificam este barco à deriva rimbaudiano, poetólogo do sempre, aqui.

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