quarta-feira, 12 de novembro de 2014

“Eu sou um negro”
A neurose é o poema do inconsciente. E a neurose é a formulação de um poetastro. É um poeta menor, que deitado no divã, fica apavorado diante de um susto permanente que ele tem, diante dos seus desacertos.  Ele sabe que dentro dele coabitam, e entram em conflito permanentemente, duas grandes forças com as quais ele não sabe lidar.
Mas ele tem a pré-ciência de que são elas que ordenam ou promovem a desordem de sua vida, que o leva ao sofrimento da neurose. Essas forças são a pulsão de vida e a pulsão de morte. A crueldade e a beatitude. O bem e o mal. Deus e Satã. Quando Deus e o diabo estão na Terra do Sol, os miolos esquentam.  Quando os miolos esquentam, um povo vive permanentemente em estado de PMD (Psicose Mania-Depressiva).  Ou o Brasil é o maior pais do mundo, ou nós estamos na beira do abismo. Quando acontece isso, não são os Tristes Trópicos de Claude Levi-Strauss. É um vulcão em pré - ebulição, e às vezes quando esse vulcão solta larvas,  como foi no caso da ditadura iniciada por um  psicopata  paranoico que foi Mourão Filho, que saiu  de Juiz de Fora para fazer o que fez, para cometer o que cometeu, nada disso é por acaso, são as larvas do vulcão. Esse vulcão não é só Brasil, é a América. Da qual extrai meu livro “O Feitiço da Amerika”.


Trecho de entrevista de Jacob Pinheiro Goldberg para o professor Renato Bulcão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A INVENÇÃO DO "TUCANO". Re-publicado.

Este artigo foi publicado originariamente, na "Tribuna da Imprensa", do Rio de Janeiro, do corajoso Helio Fernandes e transcrito no "Monólogo a dois", de minha autoria. Pelo valor histórico faço constar com retificação: "P.U.C e não U.S.P".
Segue:

A INVENÇÃO DO "TUCANO"

  
Armando Sant’anna, cujo irmão Antônio Carlos foi um dos idealistas do jornalismo , em Ribeirão Preto, me convida para fazer um trabalho de Imagem com o Governador André Franco Montoro. Programamos e toda sexta-feira de manhã vou tomar o café matinal no Palácio, para discutirmos a forma mais adequada da projeção de seu perfil pessoal e ideológico. O que começou como um de meus desafios para estudar aquela personagem versátil, vai se desenrolando, também como uma série de tertúlias culturais. O antigo líder do Partido Democrata-Cristão de um período inteligente e culto da política paulista, hiper-ativo, intelectualmente, voraz nas suas intenções de mudar o mundo e se mudar. O professor da Faculdade de Direito da P.U.C. exibe sua inquietude e preocupações multifacéticas. Numa das dinâmicas, vai pelo monólogo e o interrogatório: “Goldberg, sou seu xará (Gold-berg-Monte de Ouro-Montouro), descendente de judeus alsacianos, e quando penso no meu Partido, imagino, com essa inquietação. Como poderemos distingui-lo, para a opinião pública, visualmente, das outras agremiações partidárias? Respondo - Presidente (era o nosso desiderato sua eleição para o próximo mandato), talvez pudéssemos fixar um símbolo de animal ou ave, como fazem os partidos majoritários, nos E.U.A., emprestando um caráter lúdico à relação inconsciente, na psiquê coletiva. “Boa idéia” responde. “Mas qual?” Num “flash”, me vem à lembrança minha última viagem com meu pai e o Professor Olavo Di Piero até Águas de Lindóia. Passeando pelo parque, fixo, extasiado os olhos num tucano, maravilhado com a combinação estética. Respondo, de imediato: “Um tucano”. Montoro, em silêncio, reflete - “Ave elegante”. Sexta-feira seguinte, no calor de outra discussão, disparo para contestar sua argumentação - “O snr. não será presidente da República só se não quiser”. Por fatores objetivos e subjetivos que não é oportuno discutir, agora, esta é minha tese: Não foi porque não quís. Na comemoração de seu aniversário, na intimidade de seu lar, encontro nossa amiga comum Glenys Silvestre e fico matutando o belo gerente-pensador que ele seria para o Brasil. Figura fidalga com quem privei, testemunhando o desvelo, a inteligência e um senso de solidariedade social agudo. Quando minha mãe, a poeta Fanny Goldberg, que dedicou seu livro “Meu caminho sem fim”, à minha cidade natal, Juiz de Fora, morreu, lamentei-me com Montoro e contei-lhe um fato que narrei numa crônica publicada no “Estadão”, sob o título “Encontro na eternidade”. Minha mãe tinha combinado, por minha iniciativa e intervenção um encontro com o escritor Jorge Luiz Borges, a mais alta literatura de nosso tempo, um encontro em Genebra ou Buenos Aires. Num sábado melancólico, minha mãe ouvia o noticiário pela TV, depois do almoço. O locutor informa - “Acaba de falecer, o escritor argentino Jorge Luiz Borges”. Minha mãe estava pendurando roupa no varal, na área do apartamento. Olha para meu pai, seu Luizinho, sorrí e cai morta de costas, ainda e sempre com o sorriso nos lábios. Montoro ouve isto e muito mais, minhas lamúrias e lágrimas por aquela perda, a saga da imigrante judía pobre que dedicou seus últimos anos de vida para ensinar pintura e artes plásticas às crianças da APAE, e com uma lupa (estava quase cega) a escrever poemas, que o preconceito e a burrice teimam em não verificar como uma autêntica Cora Coralina judía. Montoro responde com pigarro e tosse nervosa. Dois dias depois seu secretário me telefona: “o Governador pede para avisá-lo do decreto que acaba de assinar dando o nome de Fanny Goldberg, à Escola Estadual de Primeiro Grau, no bairro de Francisco Morato.” A cerimônia do batismo se dá, por coincidência no mesmo dia, em que recebo a notícia de que uma Escola israelita retirava o nome de Fanny da sua biblioteca, por intriga de desafetos. Hoje quando lembro destes e outros episódios, imagino que no céu dos poetas e sonhadores, Montoro, Borges, Fanny e seu Luizinho, passeiam apreciando tucanos. Porque senão, meu Deus, quantos desenganos. Mas ínvios, estranhos e fascinantes caminhos de vida esta paisagem me intriga. Como seria esta pátria se Montoro tivesse sido Presidente? Quando voltei de Paris, após a Copa, Boris Casoy entrevistou-me e perguntou o que nossa torcida sentiu com a derrota. Respondí que éra impossível ganhar o jogo com aqueles franceses cantando a “Marselhesa”. Napoleão disse que com a Marselhesa e 5.000 soldados vencería 50.000 inimigos. Complementei que nossa “Marselhesa” éra o hino da Independência. O entrevistado seguinte éra o atual Ministro José Gregori. A quem fui apresentado por Montoro. Aliás na ficha 130-7764 do D.O.P.S. (como constatei quando foram abertos os arquivos) se documenta que fomos flagrados em assémbléia da S.B.P.C.; ele falando sobre a “Lei dos Estrangeiros ”, eu sobre “Juventude brasileira”. Declamei para Boris e o telespectador - “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Boris se emocionou, creio que Gregori, com quem tive um debate na Bnai Brith, junto com Mario Simas, também. Hoje, se tivesse que inventar, proporia numa fórmula doce à Frei Beto, irmão-de-fé, o personagem de Edgar Alan Poe, no poema imortal.

“Tribuna da Imprensa”


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Erguendo um brinde ao Emilio Surita por seu genio e coragem, extensivo ao José Padilha ("Tropa de Elite"- comentei no Youtube), que citou Thoreau: "O FUTURO DO PAIS NÃO DEPENDE DE COMO VOCÊ VOTA NAS ELEIÇÕES... DEPENDE DE QUE TIPO DE HOMEM SAI DA SUA CASA TODOS OS DIAS".

http://www.youtube.com/watch?v=F2jKMFRqY0M&feature=youtu.be

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Carta-aberta para Aecio Neves e Dilma Roussef:

Carta-aberta para Aecio Neves e Dilma Roussef:
Quis o destino, que por caminhos variados, me permitir acompanhar, de muito perto a saga da historia brasileira das últimas décadas. E pudesse, direta e indiretamente, testemunhar a saga que os conduziu a este instante dramático. O privilegio e as vezes a decepção ecoaram o murmúrio das tensões: Lott, Jango, Janio, Tancredo Neves, Itamar Franco, Franco Montoro, Mario Covas, Lula protagonistas e coadjuvantes habitam a arquitetura sublime e mambembe, que vai erguendo personalidade nacional, na ótica de minha percepção sensorial. Abro dois parênteses:
(Aecio – com Tancredo Neves estive depois de depor na CPI sobre violência urbana no Senado. Ele de São João Del Rey, eu de Juiz de Fora, dissemos que o sotaque caipira era a autentica língua desta terra. Quando ele morreu, dei uma entrevista á TV Globo e finalizei: “Somos todos Tancredo”, por seu espírito universal, republicano, democrático.)
(Dilma – escrevi no começo de seu mandato um artigo, enaltecendo em você, búlgara-mineira, a mãe coragem de Brecht, o carisma de Diana, a caçadora, heroína do Panteão de Tiradentes).
Deste pleito disputado, o Brasil se transformará na Republica de Minas Gerais, aquela progressista, moderna, ecumênica de J.K e não o abecedário discriminatório e odiento de Mourão Filho, plantando ódio e paranoia.
É O MEU VOTO.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Para os frequentadores da Mostra de Cinema:

Em julho de 1998 pronunciei conferência na University College London Medical School, cujo tema éra “Eva será Deus” (Eve will be God), na qual analisei, a relação masculino-feminina, sob vários aspectos. A inveja e o ciúme foram elementos essenciais para a compreensão desta realidade. Um violento feixe de sentimentos contraditórios que alimenta este mecanismo. Um assassino de 35 anos, Sirhan, tranqüilo e sorridente conta sua história. Seu principal motivo de orgulho é a eficiência com que disparou quatro tiros em sua irmã Suzanne, em março último, acertando a sua cabeça “Cheguei em casa às 8h15 e, cinco minutos depois, ela estava morta.” Três dias antes, a adolescente de 16 anos disse à polícia que tinha sido estuprada. “Ela cometeu um erro, mesmo sendo contra sua própria vontade”, explica Sirhan. “Em todo caso, se ela não morresse, a família toda morreria de vergonha”, completa. Esta nota foi publicada pela correspondente do “Time”, na Jordânia. Trata-se de um caso clássico em que a mulher, vítima do crime de estupro, paga pelo desejo masculino, desencadeado por confuso impulso de incesto-o irmão pela irmã. O ciúme, reflexo de uma posse impossível revela a inveja destrutiva. O outro possue quem eu imagino que possuo. Trata-se de mão dupla. A mulher inveja no homem o pênis, o falus, a soberania e o poder nas relações sociais. O homem inveja na mulher a gravidez, a suprema manifestação biológica de dar à luz outro ser. Isto aparece em todas as manifestações da cultura. Uma pesquisa feita nos EUA constatou que 3 milhões de crianças e jovens americanos tomam remédios como o Prozac. Mas a proporção é de 1 menina para 4 garotos.
                          Em -  "Psicologia em curta metragem".

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Em 17-07-2010 projetei pela primeira vez http://youtu.be/YczWRhEMZF4
o percurso de Marina Silva décadas antes antecipei JK (artigo abaixo). Quem viver, verá...
SAGRADO LAMIR DAVID - MEDICO E ESCRITOR
JUIZ DE FORA...DE OUTRORA...AGORA!!!
Juiz de fora, foi, é, e sempre Será a prova de que uma metrópole se mede por suas qualidades humanas e culturais, jamais por seu tamanho, mais capaz de transformá-la naquilo que, hoje chamamos de uma perigosa e ameaçadora monstrópole! E nossa querida cidade, hoje com uma população flutuante mensal de 1 milhão e meio de habitantes, mantém aquela estrutura de alta qualidade no que se refere á saúde, á educação e á segurança de seus cidadão! Naquilo de outrora, DA saudosa e inesquecível década de 1950, lembro-me muito bem, ao lado do Grande amigo Jacob Pinheiro Goldberg, naquela que já era a terceira maior cidade industrial brasileira, recebendo o apoteótico apelido de Manchester Mineira, mas também chamada de Atenas Mineira e Princesa de Minas, por seu alto nível educacional, com colégios do padrão do famoso O Granbery, de orientação metodista, a Academia de Comércio, de jesuítas, O Stella Matutina, o Santa Catarina, o Santos Anjos, funcionando em clássicos e arquitetônicos prédios, dos quais subsistiram o Granbery, a Academia, o Santa Catarina e o Santos Anjos, aparecendo outros, como o magnífico Jesuítas, além DA espetacular UFJF, das melhores universidades públicas do país, e numerosas outras faculdades e universidades brasileiras, transformando nossa querida JF num dos maiores centros de ensino do país procurado até por alunos estrangeiros!Antes disso... Porém... Na década de 1950. Eu, Jacob e outros amigos, fazíamos o famoso “footing” na tradicional Rua Halfeld, Jacob, de origem israelita, filho do Sr. Luizinho, prestamista que tinha seu negócio na Rua Batista de Oliveira em cima do bar do Maninho o Bar Acadêmico, e que tinha como recepcionista o meu amigo de infância do Bairro de São Mateus, o hoje famoso escritos e poeta Affonso Romano de Sant’Anna, que disputava comigo rapidez em pegar e descer do bonde andando, onde obtive algumas vitórias... E quantas lembranças do “footing” DA Halfeld... Certa vez, eu e Jacob, saíamos da Galeria Pio X, e vimos várias autoridades descendo a rua, e Jacob apontou-me um, e perguntou-me quem era. Respondi-lhe que era Juscelino Kubitschek, ex-prefeito de BH. E Jacob, sempre clarividente completou: Será o futuro presidente do Brasil!E não deu outra... Tendo, depois, nos honrado, sendo paraninfo da Primeira Turma da Faculdade de Medicina de JF , em 1958, da qual fiz parte! Os excelentes teatros e cinemas, além de ótimos filmes, sempre estavam abertos para empresas teatrais, como Cacilda Becker, Procópio, além de programas de rádio, como o César de Alencar e Paulo Gracindo! Cantores famosos, de Chico Alves a Orlando Silva e Silvio Caldas, o que me faz lembrar-se do saudoso craque. Heleno de Freitas, que, em seus últimos duas, internado em Barbacena, tinha liberdade para passar OS finais de semana em JF, onde nos tornamos amigos, fazendo caminhadas pela Halfeld e indo juntos assistir uma peça teatral de famosa companhia carioca... E Jacob e eu, ao lado de inteligentes descendentes de libaneses, sírios, armênios, judeus, italianos e portugueses, vivíamos a a poli e democrática cultura juizforana, sempre impregnada DA alma negra e mulata de muitos de seus respeitados moradores, inclusive indo aprender a dançar, com belas e simpáticas negras e mulatas, no famoso Elite Clube, na parte baixa DA Rua Halfed, onde havia uma integração de causar inveja aos anti-racistas de hoje!!!
Hoje aos oitenta anos, eu e Jacob, continuamos solidários em nossas lembranças juizforanas, ele, em SP, bem sucedido psicólogo advogado e assistente social, e eu médico ex-prof. De Farmacologia da UFJF, ex Research-Scholar DA Univ. do Sul DA Flórida, escritos e articulista de vários jornais brasileiros! Caro Jacob Juiz de Fora sempre me bastou, como Atenas para Sócrates!! Terra de Murilo Mendes e de Pedro Nava!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

SIONFOBIA

Sionfobia: Síndrome que se manifesta após a criação do estado de Israel, por desconstruir o mito canhestro dum cristianismo paulino baseado no Imaginário e no Simbólico, da responsabilidade deicídio pela morte de Jesus. Principalmente, a pregação supersticiosa alimentada pelas cruzadas e a libertação da Terra Santa, criou uma fabula que reúne elementos paranoicos e histéricos. A simples percepção sensorial da Estrela de David provoca esgares, sintomas alérgicos, terror noturno, descontrole urinário, diarreia, seguidos de salivação extrema, raciocínio conturbado, fantasias delirantes e impulsos destrutivos, inclusive interiorizados. Uma obra típica de psicose narrativa é o "Protocolo dos Sabios de Sion", enredo divino-satânico que, indivíduos coléricos atribuem á figura de Theodor Herzl, cujo túmulo seria a concretização dos seus pesadelos. A sionfobia se  distingue do anti-sionismo, política desenvolvida por grupos nazistas, stalinistas e árabes, dentro de suas teorias de conspiração respectivas. No Brasil, Gustavo Barroso (Ação Integralista Brasileira), Ernesto Geisel (ditador germanófilo), e outros sionfóbicos são referencias da moléstia que vem se disseminando na medida em que Israel se afirma e resiste a tentativa de destruição. Aliás, a recusa a autofagia, mormente pelo espectro semiótico de Jerusalém (a cena da crucificação imposta por Roma ao judeu yeshu ben Yossef), por parte dos israelenses desencadeia os sintomas retro-referidos, atingindo, particularmente, mentalidades castradas e com tendências a impotência sexual,minados em projeção onírica pela "violência sionista desproporcional". O tratamento recomendado, em casos extremos, é o estudo obrigatório das formulações de João XXIII, Sartre e Trotsky para diagnóstico correto e aplicação fármaco-terapêutica recomendada, na linha psiquiátrica pertinente. É doença transmissível por reações coletivas de massa, e em formas sutis, se apresenta como "solidariedade ás vitimas", confusão de ambivalência, eis, que, raramente, o altruísmo se exercitava no próprio lar ou país. JPG

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Livros disponiveis - Ed Saraiva.
  • Entre o sol que se tenta a sombra da ultima neblina - Ed Saraiva 2014
  • Palavra e imagem na transformação - Ed. Saraiva 2014
  • Psicanalise e Metanoia Ed. Saraiva 2014
  • Na Cena - Ed. Saraiva - 2014  
Os livros "Poesia - http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/7745186" e

"Laboratório de literatura - Museu de literaruta de SP Monteiro Lobato - http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/7766827" estão publicados pela editora Saraiva.
A partir desta data 23/07.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

JANGO- A PSICOLOGIA DO HOMEM DA FRONTEIRA.
Jacob Pinheiro Goldberg.

A construção da imagética de João Goulart é sedutora pela radicalidade das hipóteses: estadista revolucionário ou mistagogo populista.
Fazendo observação de uma posição privilegiada, ao coordenar o Comitê General Stoll Nogueira pró-Lott-Jango é da movimentação deste grupo de civis e militares, ligados a esquerda nacionalista- Frente Nacionalista de São Paulo (Casa da Praça da Sé), Campanha de “O Semanário”, de Oswaldo Costa, do “Petróleo é nosso” e outras vertentes, que acompanhei a carreira meteórica de João Goulart evitando anamorfoses, nas sutilezas do seu psiquismo carismático, envolvimentos eleitorais e aquém e além, a figura do típico SER-DA-FRONTEIRA, o gaúcho capitaneando uma saga irrepetível.
No lusco-fusco da cidade e do campo todas as vezes que cruzei com Jango, e muitas vezes, ouvindo as ladainhas e murmúrios do coral que reverbera sua biografia, o movimento oscilante de seu corpo que aos inimigos irrita e aos admiradores hipnotiza, é um destino olímpico que se visualiza. O balanço das pernas no andar, cicatriz do romance-de-formação em que as entidades paternas são a biológica e a de Getúlio.
Lendo “1964 - golpe midiático-civil-militar” e “Jango –a vida e a morte no exílio” de Juremir Machado da Silva, impactado pelas associações e denúncias tremendas que o Autor formula, tive a sensação de uma catarse que, finalmente, ilumina a trajetória deste Jango visionário que, de alguma sorte, escreveu com seu próprio destino e alma – ethos-pathos a epifania brasileira de uma utopia humanística, arrasada pela demência perversa de Mourão Filho que na paranoia (Plano Cohen e Plano Condor), mutilaram nosso povo, torturaram nossa gente, aleijaram gerações.  Jango foi golpeado duas vezes: arreado do poder pelas tropas fascistoides e atingido (ex-timo) no seu íntimo pela cruel farsa de sua desqualificação psíquica, desenhada pela imprensa de aluguel. 
Numa escalada cinematográfica, a partir da morte de Getulio Vargas, já anunciada e consumada pela catilinária cínica de Carlos Lacerda, o sujeito da fronteira vai emergindo nun bailado sinuoso, mas determinado. E, seguindo os depoimentos publicados no inventario da execração Jango é vitimado pela SIGMA, a entidade terrorista que carregava no seu nome sinistro a raiz integralista.
Esta característica que singulariza suas passagens emocionais, que enraivece as gangues oligárquicas brasileiras, sustentadas pelo dispositivo norte-americano histérico diante da potencia latino-americana que se pretende libertar.
Somente um “Chevalier sans peur et sans reproche”, Quixote ingênuo e matreiro, alimentado na cultura dos pampas, vocação messiânica e arroubos sofisticados, poderia encarnar, alma permeada de todos os contrastes e confrontos, que projetavam em si mesmo, a dialética de um povo sedento de progresso e liberdade, enganado e iludido pela quadrilha de manipulação da opinião publica,  com a intenção de sabotar e desconstruir simultaneamente, o homem-mito Jango e a perspectiva de esquerda democrática e nacionalista, em nome da violência brutal de uma banca empresarial insensível que dominava o sistema de informação do país, e , aliás continua mascarada em seu domínio.
Em dezenas de episódios, por exemplo:
A composição da chapa Jan-Jan (Janio me confidenciou em caminhada, no Guarujá a admiração pela competência intelectual de Jango-ver” O Trevo e a Vassoura”, de Gabriel Kwak. Clodesmidt Riani, o maior líder sindical que o Brasil assistiu, na pureza integral, emoção pura em Juiz de Fora quanto a circunstância sacrificial de Jango, o próprio Lott, respeitante  (“Um soldado absoluto”, Wagner William) do paisano patriota; Brizola, no café-da-manhã no Hotel Macksoud no dia do enterro de Ayrton Senna, uma lembrança psico-dramática de Jango, personagem á Glauber Rocha. Individuo cravado no chão, com as virtudes e defeitos do homem brasileiro interiorizando , a percepção superlativa de integridade social mas abismal ingenuidade adolescente, vulnerável ás traições, deslealdades e , por isso, oscilando entre a melancólica depressão e arroubo encantado.
E, no confronto, a canalha que insinua adultério de sua esposa para desvirilizar o garanhão, a sublimação diante da sua coragem de evitar um massacre fratricida desejado pelos bandidos, nas redações e nos quartéis.
Em síntese de uma ópera que um dia será escrita, por inteiro, nas palavras de Goethe- Janfo, “humano, demasiadamente humano”. Brecht escreveu lamentando os povos que precisam de heróis. Nesta dimensão dos afetos conheci Jango anti-herói em contraste com a estatuária grotesca dos generais da ditadura. Republicano, democrata, sorvendo o chimarrão, sem espada na mão.
E, por isto, exatamente por isto, odiado pela malta medíocre e maniqueísta que concebe a história como narrativa mentirosa para embalar mentes infantis e a morbidez da neurose social, pautando uma “inteligentzía” prostituída.

Jacob Pinheiro Goldberg é psicólogo, doutor em psicologia, advogado e assistente social. Autor de “O Direito no divã” 4º lugar na categoria premio Jabuti, 2.012). Professor convidado da Universidade de Stanford (EUA).

terça-feira, 22 de abril de 2014

Como entender a Psicanalise, entrevista: "A mentira é uma graça".



quinta-feira, 10 de abril de 2014

A psicologia integralista de 64
                                                                                                                      
Jacob Pinheiro Goldberg
Psicanalista e autor de “O Direito no divã”


   Terá sido mero acaso e fatalidade que o general Mourão Filho tenha dado o movimento inicial do golpe de 1964 a partir de Juiz de Fora? “Vaca fardada”, de pijama vermelho. O mundo de ontem, com destino ao antes – de – ontem. A “Casa Grande” saiu pela Dutra para (Eurico Gaspar, o simpatizante do Eixo) esmagar a “senzala”. 
   Algumas reflexões sobre o desenvolvimento das forças paranóicas que estimularam a histeria da oligarquia brasileira e das camadas menos-politizadas da população podem ser preciosas para a compreensão das placas tectônicas emocionais que fizeram eclodir a nossa farsesca e trágica opera mussolinesca.
   O então capitão Mourão Filho é considerado o autor intelectual do famigerado “Plano Cohen”, uma invenção a partir da sua condição de chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira, liderada por Plínio Salgado e que tinha no seu “Projeto para o Brasil” o viés do anti-semita Gustavo Barroso. Cohem é um estereótipo étnico judeu.
   Nas fantasias delirantes que associavam o bolchevismo e o judaísmo como conspirações internacionais, “Deus, Pátria e Família” sustentaram os pavores provincianos do Sigma e das Marchas que desencadearam o clima, o patético do Golpe, em Minas dos simpatizantes do fascismo e nazismo, partejando um nacionalismo enviesado que servia, como continua a servir, aos interesses norte-americanos.
   Comecei a servir ao NPOR, no 12º Regimento de Infantaria em Juiz de Fora, coincidentemente com a militância estudantil de esquerda. O clima no quartel era de um esquadrão italiano tolo e fanfarrão em que se discutia a “ameaça argentina”, de uma guerra imaginária.
   Pedi transferência para o C.P.O.R S.P e depois no 4º Regimento de Infantaria, cheguei ao comando da 1ª Cia. de Fuzileiros em 1958, sob o comando do posteriormente General Zerbini quando fiz para a P.U.C. S.P. o trabalho “Serviço Social no Exercito”. Casado com Terezinha de Jesus, lutadora feroz contra a ditadura, que me indicou senador pelo PDT, com apoio do Brizola. Aliás, José Maria Crispim, ídolo do PCB paulista, me disse na Rua Dom Bosco, nº 18, que o Osvino Ferreira Alves seria o ministro da Guerra do governo socialista, quanto sonho, quanta ilusão.
   Já então, muito antes do golpe, coordenando o Grupo Nacionalista em São Paulo de “O Semanário”, encabeçado pelo General Stoll Nogueira, pró-Lott, ficou claro que os quartéis teriam que escolher entre a raiz integralista e a tintura que formou, no Exercito o sentimento de pátria e socialismo, de Prestes (“Um soldado absoluto” de Wagner Willian). A traição de Kruel e a manipulação midiática denunciada por Juremir Machado definiram o horizonte de terror.
   Votos para que Juiz de Fora, de Irineu Guimarães e Clodesmidt Riani, renasça das cinzas e recupere os sonhos de Jango, o verdadeiro herói enlameado pelo reacionarismo de 1964 e do Golpe Midiático Civil-Militar.






terça-feira, 8 de abril de 2014

O livro de Jacob Pinheiro Goldberg, "Na Cena" Disponivel na Ed. Saraiva.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


Livro de Jacob Pinheiro Goldberg
"Psicologia ao acaso - Ideias para um dia melhor" - Ed. Amazon-

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O livro "Percurso" de Jacob Pinheiro Goldberg, a partir de hoje publicado:
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/6885595 

Este livro reúne entrevistas, artigos e palestras de Jacob Pinheiro Goldberg e a respeito de sua obra divulgada nos principais centros culturais do Brasil e do Exterior. É um levantamento parcial que testemunha a importância historia de Jacob na cena contemporânea.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Jacob Goldberg é entrevistado  - Radio Globo

‘Século XXI será ou da ciência ou da bandidagem’


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O livro de Jacob Pinheiro Goldberg " Eis que todos saibam" foi lançado hoje .
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/6759394