sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Prefacio de " A Mocinha do Mercado Central" - Stella Maris Rezende

O denominado “Romance de Formação” é pouco explorado na literatura Brasileira. Por outro lado, trata-se de um gênero literário de importância singular para se entender a complexidade do mundo jovem.
Stella Maris Rezende pincelou em A Mocinha Do Mercado Central , com maestria e talento, o mundo subjetivo da mocidade. E uso de propósito o vocábulo desusado. Mocidade. Para combinar com as formulas mágicas da autora, que consegue mergulhar em nostalgia de um Brasil que aprecia o “Bem-te-vi” e é, simultaneamente contemporâneo.
As paginas transitam de uma aparente inocente ingenuidade ate os conflitos existenciais mais complexos, numa sofisticação que garante ao livro um lugar privilegiado para a doce e difícil aventura de viver.
Pinço, ao acaso, o psicodrama do personagem Tadeuzinho, um menino de apenas oito anos que estava cansado, muito cansado, e morreu. Mas antes de morrer pedia e pedia para ouvir historias.
Uma autentica saga de Sharazade em que a narrativa sustenta a vida, que por sua vez empresta sentido ao mágico e transcendente.
E é esse mágico transcendente que recolhe na melhor tradição Brasileira, mineiridade pura, mas que também que se envolve com Fernando Pessoa.
Cinema, literatura, teatro, o romance de Stella é um roteiro de filme nas retinas de todas as idades.
A ficção e o concreto dançam entre as divagações e a prosa. Uma prosa que lembra profundamente, o fluxo inconsciente da psicanálise e, por isso, o mais moderno do que se produz hoje no campo da Estética.
Tristezas e alegrias, duvidas e certezas são o material fervente deste livro de cabeceira na era vertiginosa da internet e dos satélites que precisam conviver com a ternura, o sonho, a esperança.
Este livro-roteiro no caminhar das ruas, nos monólogos e diálogos, nos envolvimentos, desenha o percurso perturbado e perturbador, agridoce na suavidade de como se caminha, caminhando.
Jacob Pinheiro Goldberg
É doutor em psicologia e escritor

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