terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Obra de Jacob Goldberg é exceção no Direito

Por Carlos Eduardo Lora Franco

No dia 1º de junho último ocorreu o lançamento em São Paulo do
livro O direito no divã
– Ética da emoção, coletânea de textos, manifestações e
intervenções do advogado e notório doutor em psicologia Jacob Pinheiro
Goldberg, organizado por Flavio Goldberg, e prefaciado pelo Excelentíssimo
vice-presidente da República Michel Temer.
Não se trata de uma obra linear, que pretenda defender alguma
tese ou chegar a uma conclusão, mas sim, nas palavras do próprio organizador,
apresentar um mosaico, a ser montado e preenchido pelo próprio leitor.
Jacob Goldberg, dotado de cultura e inteligência ímpares, é,
também, e antes de mais nada, um poeta. E, como tal, capaz de enxergar, e
antes, o que poucos poderiam ver. Por isso mesmo, suas palavras, ao contrário
de pretenderem querer nos demostrar algo, nos fazem descobrir novos caminhos. Não
nos mostra, faz-nos ver. E sentir. E pensar.
Nota-se no Brasil nos últimos anos uma forte expansão nos
estudos de pós-graduação na área jurídica, com ênfase na formação de mestres e
doutores. Nenhuma dúvida do valor e importância do aprofundamento do estudo da
ciência do Direito.
Porém, por outro lado, não poucas vezes, percebe-se que tal
aprofundamento científico leva alguns operadores do Direito a imergirem numa
espécie de mundo virtual. Desconectam-se da realidade, afastam-se do objetivo
maior de qualquer organização social, que é o bem comum, e começam a gerar
entendimentos e decisões que, embora dotadas de toda a lógica formal jurídica,
ficam alheias ao mundo real.
Seriam como médicos que, por tanto se aprofundarem no estudo de
determinado campo específico de sua profissão, passassem a ministrar os
medicamentos e tratamentos tendo como única realidade a teoria de suas
ciências, mas sem se preocuparem se, para o caso específico daquele paciente,
estão efetivamente o levando à cura ou não.
Por isso a atualidade e importância desta obra que vem lembrar,
ao Direito, seu caráter antes de tudo humano. Vem propor a todos os que lidam
com o Direito deitarem-se naquele divã e o, e se, (re)pensarem.
Jacob Goldberg, como ele mesmo afirma, reconhecendo ser algo já
quase anedótico, praticamente não passa um dia de sua vida sem mencionar sua
origem em Juiz de Fora. Talvez nessa mesma origem já se possa enxergar a
profecia de sua vida. Desde o nome de sua cidade natal já traz consigo o
Direito. Mas não o Direito sozinho, em si mesmo, e sim com a visão de fora, do psicólogo,
do assistente social, que também é, do poeta, do intelectual.
Representa, portanto, uma obra de integração e enriquecimento da
cultura jurídica, voltada não apenas aos operadores do Direito, mas sim a todos
aqueles que vislumbram a riqueza do humano, e que não querem simplesmente
chegar ao destino de uma conclusão, e sim saborear o caminho do pensar.

Nenhum comentário: